São Paulo – Nova pesquisa do instituto Datafolha, divulgada nesta sexta-feira (17), mostra que o presidente Jair Bolsonaro vem mantendo seu pior nível de avaliação, depois de atingir um recorde de reprovação em setembro. Mais da metade dos entrevistados – 53% – continua considerando o governo ruim ou péssimo. De acordo com o levantamento, apenas 22% dos entrevistados consideram o governo bom ou ótimo, enquanto 24% o avaliam como regular e 1% não opina. 

Ao todo, a pesquisa entrevistou presencialmente 3.666 pessoas, em 191 cidades do país, entre segunda-feira (13) e ontem (16). A margem de erro é de 2 pontos,para mais ou para menos. Os dados também revelam estabilidade da reprovação em relação ao último levantamento sobre a administração de Bolsonaro, realizado de 13 a 15 de setembro, após a ofensiva golpista e antidemocrática de atos bolsonaristas no dia 7 de setembro. Desde agosto de 2018, em seu primeiro ano de governo, a reprovação do presidente da República vem ultrapassando a sua aprovação. Em nível de reprovação para um chefe de Executivo eleito em primeiro mandato desde a redemocratização, Bolsonaro perde apenas para Fernando Collor de Mello (PRN). 

De acordo com dados da Folha de S. Paulo, o hoje senador e aliado do governo federal tinha 68% de ruim/péssimo em dois anos e seis meses de gestão, já próximo do impeachment que o fez renunciar em dezembro de 1992. Na comparação com o governo altamente impopular de Michel Temer (MDB), Bolsonaro também é mais rejeitado. A desaprovação também é muito maior do que as do ex-presidentes Dilma Rousseff (22%) e Luiz Inácio Lula da Silva (23%) em períodos similares.  

Reprovação por segmentos

Assim como na pesquisa anterior, contudo, os resultados para Bolsonaro continuam melhores entre os mais ricos e empresários. Esse último segmento, segundo o instituto, é o único em que a aprovação do governo supera a desaprovação. Até 50% acham ótima/boa a forma como o presidente administra o país, contra 36% que acham ruim e péssimo. Numericamente, no entanto, o grupo representa apenas 3% da amostra de entrevistados. O desempenho também é maior entre quem ganha de 2 a 5 salários mínimo, de 5 a 10 ou mais de 10, com 28%, 31% e 28% de boa avaliação, respectivamente. 

O Datafolha mostra, porém, que nos grupos mais relevantes em termos de amostra, Bolsonaro é mais reprovado. No Nordeste, por exemplo, ele registra 58% de ruim e péssimo. E entre jovens de 16 a 24 anos, até 59% o rejeitam. Mesmo em sua base evangélica, Bolsonaro é mal avaliado. Enquanto 33% o aprovam, 39% consideram seu governo ruim e péssimo. Estudantes (73%) e pessoas homossexuais e bissexuais (75%)  também formam maioria na rejeição a Bolsonaro. O desgaste de seu governo é sobretudo puxado pelo cenário econômico, de aumento na inflação e recessão técnica.