Conivência

Criminalista critica omissão de Moro diante de ataque de Bolsonaro à democracia

Jurista avalia que inação do governo federal é generalizada e contesta postura do ministro da Justiça diante da escalada do golpe com declarações inconstitucionais e motim de policiais

José Cruz/EBC
José Cruz/EBC
"A impressão que se tem é que existe um oportunismo do ministro do Sergio Moro no momento em que ele ainda consegue capitalizar essa saída para eventualmente concorrer à presidência da República em 2022"

São Paulo – O advogado criminal José Carlos Abissamra Filho, diretor do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), considera que afirma que o Poder Executivo está “quase vago”. E critica duramente a “omissão” de Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, ao não se manifestar em defesa da Constituição. 

O diretor do IDDD faz referência ao vídeo disparado pelo celular do presidente Jair Bolsonaro, convocando ato contra o Congresso e o Judiciário e que tem repercutido negativamente entre lideranças políticas, jurídicas e na sociedade civil.

“O ministro fica em silêncio. Eu espero que seja o cacoete de alguém que ocupou um banco no judiciário, porque juiz não pode falar, muito embora quando ele era juiz, ele falasse. Agora que é ministro e tem de falar, não fala, parece que gosta do lado oposto”, ironiza o advogado, acrescentando que a omissão de Sergio Moro é parte de um cenário em que sociedade brasileira tem se “deparado com um governo que não governa”.

“Estamos fazendo um grande esforço para que o Brasil siga no regime democrático, mas a Presidência da República parece que tem um desdém”, observa Abissamra Filho, em entrevista à Rádio Brasil Atual, nesta quarta-feira (26).

Ele acrescenta que essa escalada de discursos inconstitucionais ocorre desde a eleição de Bolsonaro, e que agora se associa ao motim de policiais no Ceará, inaugurando mais uma nova grave crise no país. “O governo deveria estar focado nisso e não postando vídeo”, crítica. 

Abissamra Filho lembra, por exemplo, que os apoiadores e membros do próprio governo Bolsonaro também vêm “testando os limites da estabilidade da democracia”, como fez a futura secretária especial de Cultura, Regina Duarte, que também convocou a população para o ato em apoio à Bolsonaro e contra a democracia.

Ouça a entrevista da Rádio Brasil Atual