Satirizado na folia

‘Carnaval está antecipando o fracasso retumbante do governo Bolsonaro’, diz pesquisador

Com mensagens de repúdio ao governo e aos retrocessos, escolas de samba retomam crítica social e colocam presidente como a figura ‘mais ridicularizada’, avalia Bruno Baronetti

Twitter/Reprodução
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Acadêmicos do Vigário levou à avenida palhaço gigante vestido de Bolsonaro. Presidente ainda foi satirizado por outras escolas em São Paulo e no Rio

São Paulo – Com críticas sociais e políticas, os desfiles das escolas de samba de São Paulo e do Rio de Janeiro lançaram na avenida mensagens de alerta sobre o futuro do Brasil. Nestes quatro dias de festa, a pauta carnavalesca foi marcada pelo repúdio ao governo Bolsonaro e aos retrocessos, preconceitos e violência por ele representados. Na análise do professor e pesquisador em cultura popular Bruno Baronetti, “o carnaval está antecipando o fracasso retumbante do governo Bolsonaro”. 

“Quem representa essa política em nível nacional é o presidente Jair Bolsonaro, o maior ridicularizado desse carnaval”, afirma o pesquisador em entrevista ao repórter André Gianocari, no Seu jornal, da TVT

Há pelo menos dois anos, desde o desfile da Paraíso do Tuiuti, que com o enredo Meu Deus, Meu Deus, está extinta a escravidão? criticou a “reforma” trabalhista e o governo neoliberal de Michel Temer, representado no desfile como um vampiro, que as escolas de samba retomam esse espírito de crítica social que resgata as origens dessa festa nacional, de acordo com Baronetti. 

Neste ano, por exemplo, a Vigário Geral, no Rio, usou a figura de um palhaço gigante para contestar o governo Bolsonaro, enquanto a São Clemente também apostou no humor para criticar as fake news e a corrupção. “Sem contar os blocos de arrastão, aos milhares, que colocam nomes e temas satirizando a política e as classes dominantes. E esse que é o papel do carnaval”, explica o pesquisador. 

O historiador Tiago Bosi acrescenta que o carnaval vem reforçando sua própria história. De acordo com ele, o samba – principal ritmo – e os temas sociais sempre caminharam juntos. “O samba é o tambor contra a chibata”, destaca.

Não à toa, a Mangueira, atual campeã do carnaval carioca, levou à Sapucaí uma versão de Jesus Cristo negro e em corpo de mulher, vítima de agressão policial. Em São Paulo, a Tom Maior prestou uma homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018. Com uma série de críticas ao governo, a campeã das escolas de samba do Rio será conhecida nesta quarta (26). 

Assista à reportagem da TVT