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Demissão de Levy é aprofundamento da radicalização do governo, diz cientista político

De acordo com Wagner Romão, Bolsonaro e ministros adotam linha de confronto para tentar frear fragilização

Alan Santos/PR
Alan Santos/PR
Demissão de Levy, sob o argumento de ser 'petista', mostra que o 'bolsonarismo' tem se aprofundado ainda mais no radicalismo

São Paulo – A saída de Joaquim Levy do cargo de presidente do BNDES foi a 19ª baixa do governo Bolsonaro em menos seis meses de gestão. Para Wagner Romão, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a demissão de Levy, sob o argumento de ser “petista”, mostra que o ‘bolsonarismo’ tem se aprofundado ainda mais no radicalismo.

O cientista político afirma que a postura do governo será de batalha com o Legislativo, para tentar evitar ainda mais desgaste. “Essa demissão é para Bolsonaro se impor e dizer que manda no governo. É isso que iremos ver cada vez mais nos próximos dias. A postura firme do ministro Paulo Guedes sobre o relatório de Samuel Moreira indica isso. É uma aposta numa linha de confronto com o Congresso Nacional e, estrategicamente, contra a esquerda”, disse, em entrevista a Marilú Cabanas e Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual.

Ele avalia que a falta de coalização também dentro do núcleo governista é um dos problemas de Bolsonaro, por isso, a postura será ainda mais radical. “Essa coalização esquisita que o governo fez não é político-partidária, são vários setores que brigam para se colocar com mais força o governo. O Bolsonaro tem tomado um posicionamento por uma radicalização, agora, sempre dentro do campo olavista”, avalia.

Moro e o futuro de Bolsonaro

Romão também analisou o “casamento” entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o presidente. Para ele, o ex-juiz vai perdendo protagonismo, e a união entre as duas agendas pode não ser tão duradoura. “A depender do que o The Intercept liberar nos próximos dias, pode ficar mais evidente para a população que houve direcionamento da Justiça e Moro estava articulado numa ação que só queria impedir a candidatura de Lula. Embora uma parte da população ainda defenda a Lava Jato, por outro lado o comprometimento do Moro pode criar um desgaste maior dele”, afirmou.

Entretanto, Wagner aposta que Bolsonaro irá se apoiar ainda mais na base de Moro para se manter fortalecido. “A ligação entre a figura dos dois é vital para a continuação do apoio popular e com esse último núcleo do bolsonarismo, que defende o ‘custe o que custar’ para tirar o PT do governo. Isso deve se manter por um bom tempo. Entretanto, o Moro é mais subordinado ao Bolsonaro, que fica mais forte em comparação com a figura do ministro”, conclui.

Confira a íntegra da entrevista


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