Diário do Bolso

Diário, o melhor de ser presidente é despedir os inimigos

Agora eu entendo o prazer do Trump, o meu presidente favorito, naquele programa de TV, fazendo arminha com a mão e mandando os caras pro olho da rua

Diário do Bolso/©reprodução
Diário do Bolso/©reprodução
Trump, meu ídolo e herói, fazendo o que é mais legal de ser presidente: mandar inimigo e incompetente procurar sua turma

Diário, descobri o que eu mais gosto de fazer como presidente: demitir!

Puxa, como isso é bom. A gente se sente superior e ainda por cima mete medo nos outros.

Semana passada, logo de cara mandei embora todos os 11 peritos do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, que investigavam condições de penitenciárias, hospitais psiquiátricos e o escambau. Pô, eu sou a favor da tortura. Vou pagar quem é contra?

Depois foi a vez do general Santos Cruz, que era meu ministro da Secretaria de Governo. É que ele xingou muito o Olavo, e eu não quero ser inimigo desse aí, senão ele inventa um daqueles apelidos pra mim, tipo Bostonaro, e aí minha moral vai lá pra baixo.

O seguinte foi o general Franklimberg de Freitas, presidente da Funai. Esse eu demiti a pedido do Nabhan Garcia, Secretário de Política Agrária. O Nabhan odeia tudo que é índio. E o Franklimberg gosta deles. Até tirou foto de cocar. Índio é inimigo, pô. Ou fica do lado deles ou do nosso!

O terceiro general (ah, como é bom despedir general!) foi o Juarez de Paula Cunha, presidente dos Correios. Ele criticou a privatização. E agora eu sou privatista. Vou jogar tudo que é estatal na privada, kkkkk! Esse eu despedi pela imprensa, no final de uma conversa com jornalistas. De surpresa mesmo. O cara deve ter tido um enfarte!

Depois foi o Marcos Barbosa Pinto, que tinha sido escolhido para ser diretor de Mercado de Capitais do BNDES. Mas o cara trabalhou com o PT. Se trabalhou com o PT, não pode trabalhar comigo, pô.

E por último foi o Levy, que era o presidente do BNDES. Ele esteve no governo do FHC, do Lula e da Dilma, então só pode ser um comunopetista. Eu sei que ele também trabalhou no FMI e no Bradesco, mas esses esquerdinhas se disfarçam muito. Pra ele eu dei o cartão vermelho pela televisão mesmo. Disse que “estava por aqui” com o sujeito. Foi o melhor de todos!

Ah, Diário, agora eu entendo o prazer que o Trump sentia naquele programa de tevê, quando ele fazia arminha com a mão e dizia “You are fired!”.

Acho que no próximo eu até vou imitar ele. Mas em português. Vou fazer a arminha e dizer: “Você está furado!”

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