União nacional

José Dirceu: ação de Lula ante tragédia do litoral norte de São Paulo mostra ‘a restauração da federação’

Entre os municípios que declararam emergência no litoral de SP após as chuvas do fim de semana, apenas Guarujá e Ubatuba receberam verbas federais em 2022

Marcelo Camargo/ABr
Marcelo Camargo/ABr
“O que marca o governo Lula, em primeiro lugar, é a derrota do golpe", diz ex-ministro da Casa Civil

São Paulo – Em entrevista à Rádio Brasil Atual nesta quarta-feira (22), o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu comentou a tragédia social ocorrida no período de carnaval, no litoral norte paulista, no contexto da administração pública e as responsabilidades do Estado, por ação ou omissão, diante das ameaças cada vez mais presentes das mudanças climáticas. Segundo ele, a ação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao colocar-se ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB), simboliza “a restauração da federação, a restauração democrática” no país.

Segundo levantamento da Associação Contas Abertas divulgado no final de semana, o orçamento federal previsto para 2023 pelo governo Jair Bolsonaro para gestão de riscos e desastres, como principalmente de São Sebastião e Bertioga, é o menor em 14 anos. De acordo com a GloboNews, entre os seis municípios que declararam emergência no litoral de São Paulo após as chuvas, apenas Guarujá e Ubatuba receberam recursos federais no ano passado. “Bertioga, São Sebastião e Ilhabela não receberam nada nos últimos três anos”, informou a repórter Andréia Sadi.

José Dirceu observou que a situação vivida no carnaval é uma das consequências “da irresponsabilidade da ocupação do espaço, o uso da água, da terra”. Tais situações exigem “união da federação, união de esforços do governo federal, municípios e estados, (que é) como devemos fazer para enfrentar a pobreza, a miséria, a desigualdade” afirmou, ao jornalista Rafael Garcia.

Para ele, a união política deve estar presente em um “pacto por reforma tributária”. O governo de centro esquerda que voltou ao poder, disse, tem a responsabilidade de “criar uma continuidade de um programa de reorganização do país, que envolve inclusive a questão urbana”.

O ex-ministro argumentou também que a transição energética e a questão ambiental são temas decisivos do governo brasileiro e do mundo hoje. “O próprio capitalismo já reconheceu isso, assim como igualdade de gênero, igualdade racial. Todas as grandes empresas têm essa agenda.”

A derrota do golpe

Antes de tudo, porém, para José Dirceu “o que marca o governo Lula, em primeiro lugar, é a derrota do golpe, a reafirmação da democracia e a política externa”. “O Brasil estava isolado no mundo. O Brasil pode e deve retomar integração sul-americana – isso Lula já fez.”

Na opinião do ex-ministro, as viagens de Lula aos Estados Unidos e à Argentina, assim como as previstas à China e Portugal, já “vão demarcando a reinserção do Brasil no mundo”. Outras agendas inadiáveis, acrescentou, são a reindustrialização e a reconstrução de ministérios “destruídos” por Bolsonaro, como o de Ciência e Tecnologia – “O que há de mais importante nos próximos 10 anos”.

Na opinião de Dirceu, outro exemplo de destruição promovida pelo governo golpista de Michel Temer e o de extrema direita de Jair Bolsonaro é a pasta da Educação, um dos alvos preferenciais do ex-presidente. “O que diferencia o governo do Lula do governo do Temer e do Bolsonaro é que eles abandonaram o projeto de desenvolvimento nacional, abandonaram o Brasil como nação, eles veem o Brasil como um apêndice do mundo ocidental.”

Reforma tributária e juros

Ainda na entrevista à Rádio Brasil Atual, José Dirceu afirmou que a reforma tributária é uma “emergência”, para que o país possa fazer investimentos, não só nas áreas social e ambiental, mas em tecnologia e inovação e reindustrialização. “Senão, vai continuar dependente de todos os insumos farmacêuticos”, exemplificou. Na pandemia, o Brasil teve dificuldades com o setor, dependente de importação, como o de insumos necessários para a fabricação de vacinas. “Não tínhamos máscaras, luvas respiradores etc.”, completou.

Ele comentou ainda a polêmica dos juros e o embate das últimas semanas de Lula com o mercado. Com a autonomia do Banco Central, sancionada pela Lei Complementar 179/2021, o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, permanece no cargo até dezembro de 2024, ou seja, até a metade do mandato do atual presidente. “Vamos ter que enfrentar esse problema dos juros, até porque há risco sério com esse problema da Americanas, começa a haver uma crise de crédito. O mais urgente é não deixar a economia parar”, disse Dirceu.

“Houve uma eleição e não foi um candidato da direita que foi eleito. Foi de centro esquerda, com aliança com setores da direita, é verdade. Até pelo bolsonarismo, (em reação ao) risco da ditadura, do obscurantismo, do negacionismo, da exploração do fundamentalismo religioso, o país se uniu, formou uma maioria estreita, é verdade, mas ele (Lula) é que governa”, ponderou.

Confira a entrevista de José Dirceu à Rádio Brasil Atual


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