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Governo efetiva interino na presidência do Incra, após cobrança de movimentos sociais

Contag e MST já manifestavam preocupação com indefinição do governo. César Aldrighi é funcionário de carreira

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'Essa demora pode trazer implicações para o governo porque a reforma agrária ficará de fora do planejamento de 100 dias do governo", diz João Paulo Rodrigues, do MST

São Paulo – A expectativa de que o governo anunciasse nesta segunda-feira (27) o novo titular do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) acabou se confirmando no início da noite. O engenheiro agrônomo César Fernando Schiavon Aldrighi, interino desde janeiro, foi efetivado. O impasse já preocupava os movimentos sociais. Já o deputado estadual Edegar Pretto (PT-RS) vai comandar a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

No final de semana, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, havia afirmado ao Brasil de Fato que o martelo seria batido no fim de semana. Formado pela Universidade Federal de Pelotas (1992), César Aldrighi é servidor de carreira. Está na autarquia desde 2004. Também foi secretário estadual, no Rio Grande do Sul, de Agricultura e Abastecimento. Especializou-se em cooperativismo.

“Demandas imensas e urgentes”

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) contava com a nomeação de Rose Rodrigues, ex-secretária de Agricultura em Sergipe. Há poucos dias, o deputado federal Airton Faleiro (PA), coordenador do Núcleo Agrário do PT na Câmara, publicou em rede social que ela não seria mais nomeada e pediu pressa. Rose será a diretora de Desenvolvimento e Gustavo Noronha, diretor de Gestão Estratégica. Além deles, João Pedro da Costa, assumira a direção de Governança Fundiária.

“Luz amarela”

Quem também havia usado rede social, para protestar, foi João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST. Para ele, a falta de definição acendia uma “luz amarela”. “Nem precisamos lembrar a importância deste órgão para o povo do campo”, observou.

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João Paulo reforçou a crítica em entrevista ao Blog do Noblat. “Nós, dos movimentos, queremos que indique logo um nome. O importante é que nomeia alguém para que sejam indicados logo os superintendentes nos estados. Essa demora pode trazer implicações para o governo porque a reforma agrária ficará de fora do planejamento de 100 dias do governo, quando serão anunciadas coisas concretas.”

Ações paralisadas

Na semana passada, diretores da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) reuniram-se com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo. Assim, entre outros assuntos, também manifestaram preocupação com a demora. Ao lembrar que isso causava também reflexos nas superintendências regionais, a Contag falou em “total paralisação das ações de reforma agrária, de desenvolvimento dos assentamentos e regularização fundiária”.

No governo anterior, o Incra foi comandado pelo pecuarista Geraldo José da Camara Ferreira de Melo Filho. Ainda no primeiro ano de mandato, ele substituiu o general João Carlos Jesus Corrêa.