Candidatos a governador escondem planos de governo na internet, constata analista

Jornalista analisa páginas oficiais dos principais candidatos a governador em todos os estados e vê falhas básicas. Campanha na rede decepciona

Wilson Santos, candidato do PSDB ao governo do MT, como “gladiador” em vídeo “Caça Mitos” (Foto: Reprodução)

Rio de Janeiro – A sanção da lei que flexibilizou o uso da internet na campanha eleitoral e o efeito Barack Obama favoreceram a um aumento da presença dos candidatos a cargos públicos no Brasil na rede. Apesar da adesão à  campanha virtual, os políticos brasileiros ainda têm muito que aprender nesse campo, segundo o jornalista e especialista em marketing político Olavo Soares. A maior parte deles até esconde o plano de governo.

Em seu blogue, ele apresentou análise das páginas oficiais dos candidatos a governador mais bem colocados nas pesquisas em todos os estados do Brasil. A crítica é baseada no design da página, conteúdo e contribuição da página para a campanha e a cada dia, um estado diferente é analisado. O resultado dessa análise não é dos mais empolgantes.

 

Nas eleições passadas, as candidaturas não podiam usar ferramentas como Orkut e Facebook, nem postar vídeos no Youtube ou fotos em sites de compartilhamento. A maior liberdade no mundo virtual, somada ao sucesso que o presidente dos EUA Barack Obama teve em mobilizar eleitores pela internet fez com que, nas eleições de 2010, a internet virasse moda entre os candidatos.

Na análise de Soares, os sites têm visual bom, embora pecam em três aspectos: ausência do plano de governo do candidato, desconexão com a campanha real e pouca explicação sobre as ações anteriores dos candidatos.

A grande maioria dos candidatos a governador não disponibiliza na internet suas propostas de governo. “Quando comecei a analisar, eu reclamava de todos os sites por isso. Com o tempo, deixei de lado, porque vi que é quase regra”, afirma Soares.

A desconexão entre as campanhas real e virtual também é comum. “Um dos coordenadores da campanha do Obama falou uma coisa que parece óbvia, mas é muito interessante: a campanha da internet não poderia nunca e estar desconectada da campanha na rua. Mas aqui, os sites não estão replicando a campanha da vida real”, condena.

Uma prática corrente são formulários para o eleitor entrar em contato com a campanha. “Um bom exemplo é o site do (Raimundo) Colombo (DEM), de Santa Catarina. Ele tem um mapa do Estado com indicações de todos os apoiadores”, elogia Soares. Para ele, a prática é boa por aproximar as pessoas das lideranças e cabos eleitorais e tentar dialogar. Em São Paulo, por exemplo, os principais candidatos disponibilizam apenas os telefones dos comitês na capital.

A terceira falha é a burocratização na apresentação das realizações anteriores dos candidatos. “Normalmente os textos de apresentação dos candidatos são longos e pouco atraentes. Isso não contribui para o eleitor entender o que esse político propõe”, afirma o blogueiro. Soares dá como exemplo o site do ex-senador Marconi Perillo (PSDB), candidato ao governo de Goiás. Na parte de realizações, o link redireciona o internauta para uma página do Senado com uma lista de projetos de Lei, sem contextualização. É certeza de que pouca gente vai avaliar o retrospecto.

Humor e inclusão

Para Soares, Wilson Santos (PSDB), candidato no Mato Grosso, tem um dos melhores sites. Um dos pontos altos são os vídeos, que conciliam humor e informação. Um exemplo é o Caça Mitos, que rebate críticas que o candidato recebe, como filas em pronto-socorro, por exemplo. “Esse é um exemplo de como o site pode colaborar com a campanha. Não dá para esquecer que, no fim, o site tem que ajudar o eleitor a tomar uma decisão”, afirma o analista.

Apesar da exclusão digital no Brasil, Soares acredita que nenhum candidato pode abdicar da internet. “Eu recebo visitas no meu site que chegam de buscas no Google com os termos ‘propostas dos candidatos do Mato Grosso’, ou de São Paulo. O eleitorado quer ser mais informado e quem desprezar isso vai pisar na bola”, alerta. Em Roraima, por exemplo, os dois principais concorrentes, Neudo Campos (PP) e José de Anchieta Júnior (PSDB), ignoram a ferramenta.

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