Unasul convocará presidentes do bloco para reaproximar Venezuela e Colômbia

Marco Aurelio Garcia, assessor da presidência para Assuntos Internacionais (Foto: Marcello Casal Jr. ABr/Arquivo) Brasília – Depois de mais de cinco horas de debate, os chanceleres da União de Nações […]

Marco Aurelio Garcia, assessor da presidência para Assuntos Internacionais (Foto: Marcello Casal Jr. ABr/Arquivo)

Brasília – Depois de mais de cinco horas de debate, os chanceleres da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) não chegaram a um consenso sobre a criação de mecanismos para conter a crise entre a Colômbia e Venezuela e decidiram repassar aos presidentes do bloco a tarefa de reaproximar os dois países. A reunião extraordinária da Unasul terminou na madrugada desta sexta-feira (30) em Quito, capital do Equador.

Segundo a BBC Brasil, após troca de acusações entre Colômbia e Venezuela, os chanceleres do bloco passaram a debater um acordo proposto pelo Brasil, que contemplava “o compromisso de manter a América do Sul como zona de paz, de resolver diferenças por meios pacíficos” e a promessa de “lutar contra grupos ilegais, em especial os que são vinculados ao narcotráfico”, segundo informações da chancelaria da Venezuela.

O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse que a reunião serviu para amenizar as discussões do conflito. Garcia admitiu que os países não chegaram a um acordo porque ainda havia tensão entre Colômbia e Venezuela. “Os chanceleres precisavam fazer muitas consultas, os ânimos estavam ainda um pouco quentes, mas o importante é que conseguimos baixar a temperatura”, disse o assessor.

Para o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, a reunião significou um “avanço” na mediação da crise. “O fato de os chanceleres da Venezuela e Colômbia estarem aqui sentados nos alegra muito”. Falando em nome do Equador, que preside temporariamente o bloco sul-americano, Patiño disse que a maioria dos chanceleres concordaram em reiterar o princípio da não agressão entre os países e da inviolabilidade territorial.

O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, deu início à reunião afirmando ter conhecimento de um plano militar da Colômbia para invadir a Venezuela antes do final do mandato de Álvaro Uribe, que deve entregar o poder dia 7 de agosto. O chanceler colombiano, Jaime Bermudez, rebateu as acusações, ao afirmar que seu governo “não considera, nem considerará nenhuma agressão contra a Venezuela”.

Durante a reunião, a Colômbia reiterou as acusações contra a Venezuela e voltou a apresentar as fotos e as coordenadas de supostos acampamentos guerrilheiros na Venezuela. Maduro rebateu as criticas, ao afirmar que “antes da revolução, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) tinham um escritório em Miraflores (sede do governo) e o presidente Hugo Chávez acabou com isso”.

O chanceler venezuelano apresentou as linhas gerais sobre o plano de paz para a Colômbia que prevê a observação da região para uma saída negociada do conflito armado colombiano. “Começa a florescer uma posição de paz para a região e a corrente para impulsar um plano de paz para a Colômbia”, afirmou Maduro. Ele disse ainda que a Unasul começará a trabalhar, durante a reunião de cúpula dos chefes de Estado do bloco, em uma proposta de resolução para o conflito colombiano. “Chamamos todos os homens e mulheres, líderes políticos, movimentos sociais, para que assumam que chegou o momento de construir a paz.”

O conflito entre a Venezuela e a Colômbia começou há uma semana, quando o embaixador da Colômbia na Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Alfonso Hoyos, apresentou supostas provas sobre a presença de guerrilheiros das Farc e do Exército de Libertação Nacional (ELN) na Venezuela. Em seguida, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, qualificou de mentirosas as acusações e rompeu relações diplomáticas com a Colômbia. Para Chávez, as acusações são parte de uma “desculpa” para justificar intervenção armada da Colômbia em seu país. Chávez acredita que essa intervenção conta com o apoio dos Estados Unidos.