Espanha

‘Tempo dá razão a Lula’, diz ‘El País’ em editorial

Jornal espanhol diz que ex-presidente superou a perseguição política imposta por Moro e pela Lava Jato, e agora lidera as pesquisas contra “pesadelo” Bolsonaro

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Jornal espanhol sugere "ampla aliança" para Lula superar resistência da elite e da imprensa

São Paulo – O jornal espanhol El País publicou editorial nesta quinta-feira (21) afirmando que “o tempo está dando razão” ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A publicação destaca que Lula sempre proclamou sua inocência diante das acusações de corrupção no âmbito da Operação Lava Jato. E denunciava ser perseguido pelo então juiz Sergio Moro.

Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) acabou anulando as condenações impostas a Lula. A declaração de parcialidade de Moro acarretou “efeito cascata”, aponta a publicação, encerrando uma série de ações judiciais contra o ex-presidente.

“Salvo uma grande surpresa”, tanto o petista como o atual presidente, Jair Bolsonaro, devem se enfrentar nas eleições do ano que vem, anota o editorial. Caberá a Lula forjar uma “ampla aliança”, como a que lhe garantiu a sua vitória quase duas décadas atrás.

Prós e contras

Lula tem a seu favor a “erosão de Bolsonaro”, em função dos 600 mil mortos pela covid-19 e da crise econômica. O periódico lembra que a CPI da Covid recomendou que o presidente seja acusado de crime contra a humanidade por conta da sua gestão durante a pandemia.

Contra ele, pesa o receio de “boa parte da elite e dos meios de comunicação“. Além disso, destaca que a pandemia ainda impõe restrições. “Se Bolsonaro reina nas redes sociais, o habitat natural de Lula é o contato direto com os eleitores, os comícios e abraços.”

“Muitos brasileiros se arrependeram de votar no militar reformado, mas isso não implica na disposição em apoiar o PT dentro de um ano, ainda que o ódio a Lula e a seu partido perca força, ao mesmo tempo em que o antibolsonarismo avança”, aponta a publicação.

“Lula, que ao longo de sua carreira demonstrou ser um bom estrategista, deverá costurar muito bem para construir uma coalizão que dilua o rechaço que ainda suscita e reunir forças para converter a presidência do populista de ultradireita Jair Bolsonaro em um pesadelo passageiro”, conclui o editorial.