Disputa eleitoral

Moro é o candidato ‘nem, nem’ das eleições de 2022, avalia analista político

Pesquisas dos últimos sete meses mostram que Lula e Bolsonaro estão mais fortes nos campos que já dominam e terceira via se revela inviável

Valter Campanato / Ag. Brasil
Valter Campanato / Ag. Brasil
Para Moro, será difícil descolar a própria imagem da imagem de Bolsonaro e garantir a campanha da suposta terceira via

São Paulo – A chamada terceira via para as eleições de 2022 até agora não dá sinais de que possa decolar, segundo mostrou pesquisa de intenção de voto Ipec, divulgada nessa terça-feira (14), em que o ex-juiz Sérgio Moro aparece com apenas 8% da preferência do eleitorado. Para o cientista político Alberto Carlos Almeida, “o problema não é o nome de Sérgio Moro, mas sim o papel eleitoral que ele cumpre, o de candidato ‘nem, nem’, de terceira via, que enfrenta um Presidente da República sentado na cadeira de mandatário máximo e um ex-presidente que saiu do cargo bem avaliado depois de oito anos de mandato”.

Segundo Almeida, a polarização entre Lula e Bolsonaro para o próximo ano está consolidada, de acordo a tendência das pesquisas até agora. Na análise de três levantamentos de um período de sete meses, de maio a dezembro, Almeida vê que as posições de Lula e Bolsonaro se fortaleceram frente aos outros candidatos. Almeida comparou as pesquisas Datafolha (11 e 12 de maio); Ipec (16 a 20 de setembro); e Ipec (9 a 13 de dez).

“Bolsonaro nesse período se tornou mais fortemente votado por quem avalia positivamente o governo dele, e Lula passou a ser mais fortemente votado por quem avalia negativamente Bolsonaro. Ou seja, os dois candidatos se tornaram mais dominantes ainda nos  terrenos que eles já dominam”, defende Almeida em post de áudio divulgado em grupo de estudos de política no WhatsApp.

Para Almeida, a polarização entre voto de oposição e voto de governo deve se manter durante o desenrolar da campanha no próximo ano. “Isso vai se manter durante o processo eleitoral inteiro, e isso torna o candidato de terceira via, qualquer que seja ele, praticamente inviável. É a velha história, tudo é possível, mas nem tudo é provável”, afirma em sua análise.

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Segundo Almeida, é muito improvável o sucesso de um candidato de terceira via, porque ele teria de tirar votos de Lula, já que se coloca como candidato de oposição a Bolsonaro. ”E por que alguém que vota em Lula, depositando nele a esperança de melhorar a economia vai deixar de votar em Lula e votar em outro candidato?”, indaga. Ele afirma que o petista é visto como o candidato mais oposicionista ao atual presidente, e Moro já foi do governo Bolsonaro e dificilmente pode ser visto como mais oposicionista.