Sindicatos da França fazem greve contra reforma na aposentadoria

Paris – Os sindicatos franceses lançaram na terça-feira (07) uma demonstração de força, com greves e grandes manifestações de rua contra as impopulares reformas das aposentadorias que o presidente Nicolas […]

Paris – Os sindicatos franceses lançaram na terça-feira (07) uma demonstração de força, com greves e grandes manifestações de rua contra as impopulares reformas das aposentadorias que o presidente Nicolas Sarkozy diz estar determinado a implementar.

 

Enquanto começava uma grande passeata em Paris, líderes sindicais disseram que já conseguiram comparecimento nacional que superou o grande protesto de 2 milhões de pessoas em junho, canalizando o sentimento crescente de rejeição em toda a Europa às medidas de austeridade adotadas pelos governos.

 

As estimativas do governo também apontaram para uma participação maior, apesar de cifras policiais sempre serem inferiores às dos organizadores de protestos. A estimativa oficial em relação ao protesto de junho foi de 800 mil participantes.

 

François Chereque, líder da grande confederação sindical CFDT, disse à rádio RTL que o governo fará mal em ignorar o que chamou de “o maior comparecimento popular nos últimos anos”.

Bernard Thibault, líder da outra grande confederação sindical, a CGT, avisou os ministros franceses:

 

“Se não responderem e não derem ouvidos, haverá novas iniciativas, e nada está sendo excluído nesta etapa.”

 

Mas analistas disseram que, mesmo que os sindicatos consigam um comparecimento popular enorme na terça, é improvável que consigam converter o dia de protesto em um movimento grevista capaz de forçar o governo a recuar.

 

Pesquisas de opinião mostram que dois terços dos eleitores apoiam o protesto e acham injusto o plano de Sarkozy de elevar a idade de aposentadoria dos 60 anos atuais para 62, fazendo as pessoas trabalharem mais tempo para se aposentar, mas que dois terços também acham que as greves não farão diferença.

 

“Nunca na história das pesquisas a população francesa esteve tão convencida de que há injustiça social”, disse o analista político Roland Cayrol, do Instituto de Ciências Políticas de Paris.

 

O governo conservador diz que a reforma é essencial para equilibrar as contas da aposentadoria até 2018, reduzir o déficit público e preservar a classificação de crédito AAA da França, que o ajuda o país a financiar sua dívida aos juros mais baixos possíveis nos mercados financeiros.

 

As greves reduziram os serviços de trens em 50 por cento ou mais, mas a maioria das linhas internacionais não foi afetada. Os serviços de metrô também foram atingidos, mas menos do que se temia.

 

Na metade do dia, o governo disse que quase um quarto dos funcionários públicos estava em greve, contra aproximadamente 19 por cento em junho.

 

A greve espelha ações adotadas em outros países europeus contra medidas de austeridade. Até agora os governos da Grécia, Espanha, Itália e Romênia vêm enfrentando greves para conseguir impor cortes dolorosos nos salários e gastos públicos. O metrô de Londres ficou paralisado na terça-feira por uma greve de 24 horas contra os cortes de empregos

 

Fonte: Reuters