Guerra na Europa

Rússia compara sanções econômicas do Ocidente a ‘prática típica dos piratas’

Moscou acusa Europa e EUA de tentar destruir economia do país e sabotar negociações com a Ucrânia, estimulando Zelensky a manter a guerra

Serviço de imprensa/Ministério Relações Exteriores/Rússia
Serviço de imprensa/Ministério Relações Exteriores/Rússia
"Insistimos que seja enviado um sinal inequívoco a Kiev para não sabotar o processo”, alertou Lavrov

São Paulo – A Rússia vem dizendo há dias que o Ocidente está sabotando as conversas entre com Kiev e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, está sendo estimulado a evitar um acordo de paz. Quanto mais a guerra se prolongar, melhor para os interesses de Washington, afirma. O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, declarou nesta quinta-feira (7) que “apesar de todas as provocações, a delegação russa continuará o processo de negociação promovendo nosso projeto de acordo”.

Já o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, disse, também nesta quinta, que os países ocidentais almejam destruir a economia russa com sanções que são basicamente “pirataria”. “Nações hostis não encontraram maneira melhor do que retornar à prática típica dos piratas, se usamos os termos corretos. Ao congelar nossos ativos, de fato eles roubaram o país”, disse.

O chanceler disse que o projeto de acordo apresentado na quarta-feira (6) pela Ucrânia não combina com o que foi proposto em Istambul (Turquia) na semana passada. “Ontem o lado ucraniano apresentou ao grupo de negociações seu projeto de acordo, que mostra claramente um afastamento das disposições mais importantes da reunião de Istambul em 29 de março”, disse, em relação à Crimeia, que a Rússia considera seu território.

O pretexto de Bucha

De acordo com o ministro, no documento de Istambul os ucranianos deixaram claro que as futuras garantias de segurança que a Ucrânia exige não se aplicariam à Crimeia, mas na proposta de ontem isso não está presente, segundo Lavrov.

Moscou diz que a “histeria” sobre Bucha serve como provocação, surgida coincidentemente logo após o governo ucraniano ter indicado possíveis soluções sobre a Crimeia e Donbass, no sul e leste da Ucrânia, respectivamente. O “massacre de Bucha” serviria para sabotar um acordo possível. “Para que tenhamos um progresso real, não uma ilusão, insistimos que seja enviado um sinal inequívoco a Kiev para não sabotar o processo”, alertou o chanceler.

Uma sombra sobre a família Biden

Enquanto na Ucrânia o cenário de guerra continua e um acordo de paz com a Rússia parece distante, um homem apontado como “delator” pela mídia ocidental preocupa a Casa Branca. Trata-se de Jack Maxey, que teria entregado um laptop de Hunter Biden, filho do presidente Joe Biden, ao Congresso norte-americano. Maxey fugiu dos Estados Unidos para a Suíça por medo do governo Biden.

O delator teria enviado informações do laptop “abandonado” de Hunter a congressistas e à imprensa. Segundo o tabloide Daily Mail, o computador tem 450 gigabytes de material “deletado”, com 80 mil imagens e vídeos e 120 mil e-mails arquivados. O jornal estaria de posse de uma cópia do disco rígido do notebook.

“Laptop do inferno”

Nas últimas duas semanas, Maxey teria trabalhado com especialistas em TI para extrair mais dados do “laptop do inferno”, como é chamado. Ele teria afirmado que pretende publicar o material online nas próximas semanas. Segundo os relatos, o FBI apreendeu o laptop de Hunter Biden em dezembro de 2019, depois que o dono da loja de informática John Paul MacIsaac entrou em contato com a polícia. O homem é um suposto admirador de Donald Trump.

MacIsaac disse que Hunter Biden deixou três laptops da Apple danificados em sua loja em abril de 2019, mas o filho do ex-vice-presidente nunca voltou para buscá-los ou pagar a conta de US$ 85 do serviço. Os supostos e-mails se relacionam ao trabalho de Hunter na gigante de petróleo e gás Burisma, sediada na Ucrânia.

Segundo uma versão, o proprietário da loja deu uma cópia ao advogado de Trump, Rudy Giuliani, que por sua vez enviou o equipamento a Maxey, segundo o qual um ex-agente da inteligência o avisou que, se ele revelasse o material, seria “um homem morto”.

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