crise na Ucrânia

Rússia ameaça retaliar Estados Unidos em caso de sanções

Barack Obama descartou ações militares contra Moscou; por sua vez, Merkel fala em novas punições aos russos por Ucrânia

ANTON PEDKO/efe

Soldados ucranianos abandonaram ontem (19) posto militar de Sabastopol e soldados russos erguem bandeira

São Paulo – O vice-chanceler russo Serguei Riabkov afirmou hoje (20) a Rússia está estudando opções para retaliar os Estados Unidos em caso de sanções aplicadas por conta da anexação da Crimeia, ocorrida nesta semana.

“Se em Washington ganhar a linha que consiste em atiçar o confronto, em tentar nos ditar algo com base em sanções, não há dúvida de que, da nossa parte, não nos limitaremos a sanções específicas, que só tomariam como alvo certos indivíduos”, afirmou.

Entre as medidas estudadas, estariam possíveis bloqueios a vistos de autoridades americanas e, segundo Riabkov, até ações “assimétricas”.

Após a anexação, Estados Unidos e União Europeia aplicaram sanções a autoridades russas e ucranianas. As punições são compostas por congelamento de bens e restrição de visto a pessoas consideradas responsáveis pela instabilidade na região. Analistas afirmam que as sanções norte-americanas contra os russos são as mais severas desde o final da Guerra Fria.

Um dia após o anúncio das medidas, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, anunciou que mais ações viriam. Carney, entretanto, não disse como e quais seriam o as sanções contra a Rússia, informando apenas que os EUA e seus parceiros aumentariam as consequências para os russos e reforçariam a assistência oferecida à Ucrânia. Sobre as sanções já impostas, chamadas por um repórter de “em alguns casos, risíveis”, o porta-voz disse que “os custos têm sido reais e eles vão aumentar”.

Ação Militar

Na noite desta quarta-feira (19), em entrevista a uma emissora de TV da cidade de San Diego, o presidente dos EUA, Barack Obama, descartou qualquer ação militar conta os russos. “Não vamos fazer uma incursão militar na Ucrânia. Acho que inclusive os ucranianos reconhecerão que enfrentar-nos militarmente com a Rússia não seria apropriado para nós e também não seria bom para a Ucrânia.”

Obama afirmou, além disso, que a atuação do presidente russo, Vladimir Putin, nesta crise, mostra “fraqueza” e não “força”, após a intervenção militar e a anexação da Crimeia, feita com base em um referendo, realizado no último domingo, em que a integração com Moscou foi aprovada por ampla maioria. A votação não teve reconhecimento internacional.

Alemanha

Por sua vez, a chanceler alemã, Angela Merkel, ameaçou Moscou com novas sanções, caso a situação com a Ucrânia se agrave. “Nesse caso, haverá sem dúvida também sanções econômicas”, afirmou no parlamento, em Berlim.

A chanceler demonstrou irritação com os russos ao falar sobre a proposta de retirar permanentemente a Rússia do G8. “Apesar de não ser a situação política para um formato tão importante, não haverá mais G8, nem cúpula, nem G8 como tal”, disse.