Amorim e Casa Branca afirmam dificuldade em reformas da ONU

São Paulo – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, admitiu neste sábado (11) a dificuldade em levar adiante uma das principais metas de sua gestão à frente do Itamaraty: […]

São Paulo – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, admitiu neste sábado (11) a dificuldade em levar adiante uma das principais metas de sua gestão à frente do Itamaraty: a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

O chanceler viu-se obrigado a concordar com comunicado dos Estados Unidos em que a Casa Branca aponta que está de acordo com a necessidade de mudanças, mas pretende realizar alterações que não prejudiquem seu poderio. Atualmente, são cinco os membros permanentes no Conselho de Segurança, instância multilateral mais importante na tomada de decisões globais. Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido têm direito a veto. 

Brasil, Índia, Alemanha e Japão gostariam que o número de membros permanentes fosse ampliado de forma a contemplar as alterações sofridas na ordem de forças mundial desde que o Conselho foi criado, em 1945.

Mas a declaração emitida após uma conferência neste sábado em Genebra pelo vice-secretário de Estado da Casa Branca, Jim Steinberg, não deixa dúvidas quanto à dificuldade de levar adiante a discussão. “Por causa da importância do Conselho para nós em negociações como as do Irã e da Coreia do Norte, não é algo que mudaremos facilmente”, afirmou.

Amorim apontou exatamente o caso do Irã como exemplo da resistência dos países mais poderosos às mudanças. O Brasil negociou no primeiro semestre um acordo em torno do programa nuclear iraniano. O governo de Mahmoud Ahmadinejad aceitou exatamente todos os pontos apresentados previamente pelos Estados Unidos, mas a gestão de Barack Obama preferiu impor sanções por meio do Conselho de Segurança. Para o chanceler, o episódio “mostra o quão resistente as grandes potências serão às mudanças (na balança do poder das instituições internacionais), o quão difícil será para mudar o Conselho de Segurança”.

Apesar disso, o ministro reafirmou que o episódio não atrapalha as boas relações mantidas entre Brasil e Estados Unidos. “Não vejo problema algum entre o presidente Lula e o presidente Obama”, afirmou. “Temos de ser pessoas maduras e temos de entender que as pessoas, especialmente pessoas maduras que concordam com os mesmo objetivos, podem discordar nas táticas.”

Falando em nome da Casa Branca, Steinberg esclareceu que seu país apoia o papel crescente dos países emergentes, em especial dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).  “Não vemos a ascensão deles como uma inerente ameaça aos nossos interesses, mas reconhecemos que a cooperação não virá automaticamente e que nós inevitavelmente enfrentaremos assuntos nos quais nossos interesses divergirão”, afirmou.

América do Sul

Sobre a América do Sul, Amorim defendeu que o Mercosul e a União de Nações Sul-americanas (Unasul) podem ser mais efetivos para as relações entre os países da região que a Organização dos Estados Americanos (OEA). 

Ele ponderou que “a Unasul e o Mercosul são totalmente complementares.” “A OEA tem seu espaço de atuação porque há muitos países que não são parte da Unasul e do Mercosul, como os países da América Central, os Estados Unidos, a América do Norte, e também porque (a OEA) tem uma organização jurídica mais sólida e em alguns casos isso pode ser necessário.”

O chanceler lembrou o papel importante na solução de tensões bilaterais entre Colômbia e Equador  e entre Colômbia e Venezuela, primeiro sob a mediação do Brasil e depois sob os trabalhos da Argentina. “A Unasul provou que é muito eficaz, atuando discretamente algumas vezes, como nas tensões entre Colômbia e Venezuela.”

Com informações da TeleSur e da Reuters.