ONU: conflito já custou à Síria ao menos US$ 60 bilhões

Violações

EFE

Protestos em 2011, ano em que começou a guerra civil síria. Mais de 7 mil pessoas já morreram no conflito

Nações Unidas – O custo do conflito interno para a economia da Síria é de pelo menos US$ 60 bilhões, advertiu hoje (29) a comissão independente de investigação estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para estudar as violações de direitos humanos no país árabe.

“O custo estimado do conflito para a economia síria é de entre US$ 60 bilhões e US$ 80 bilhões, um terço do Produto Interno Bruto antes da guerra”, disse hoje na Assembleia Geral da ONU o presidente da comissão, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro. Ele denunciou que a “Síria está em queda livre”, lamentou que as partes sigam achando possível uma vitória militar e fez um apelo à comunidade internacional para atuar “já” e de forma “decisiva” para pôr fim ao confronto.

O brasileiro afirmou no plenário da Assembleia Geral que, além dos milhões de refugiados nos países vizinhos, já há 4,5 milhões de deslocados internos e mais de 2,5 milhões de sírios sem emprego. Pinheiro denunciou que os grupos extremistas são “uma minoria”, mas desempenham um “papel ativo” nas hostilidades e advertiu que os “atores regionais armados” se envolveram no conflito devido à “permeabilidade” das fronteiras.

“Massacres e assassinatos são cometidos diariamente com total impunidade. A maioria deles cometidos por forças leais ao governo, mas também por parte de grupos rebeldes, especialmente nas províncias de Aleppo, Al Raqa e Dayr al Zawr”, declarou.

O presidente da comissão lembrou que os civis são as verdadeiras vítimas desta guerra na qual, segundo advertiu, os crimes se transformaram em uma “espantosa realidade cotidiana”.

Fora os “bombardeios” e ataques “indiscriminados”, o brasileiro denunciou que um dos aspectos mais “insidiosos” do conflito sírio é o desaparecimento de “milhares de pessoas”, muitas das quais também sofrem “torturas” de maneira sistemática durante seu cativeiro. “As torturas aconteceram inclusive em hospitais controlados pelo governo, enquanto alguns grupos armados rebeldes também torturaram durante interrogatórios os soldados capturados”, detalhou Pinheiro.

“Não há uma solução militar, e aqueles que estão fornecendo armas às partes não estão criando as bases para uma vitória. É algo perigoso e irresponsável, e estão permitindo que a guerra continue sem fim”, acrescentou.

Desde que começou a guerra civil na Síria, em março de 2011, mais de 100.000 pessoas morreram e quase 7 milhões precisam de ajuda humanitária de emergência, segundo os mais recentes dados das Nações Unidas.