Sem acordo na Turquia

‘Não queremos a militarização da Ucrânia’, diz chanceler da Rússia

União Europeia diz que já chegou ao limite nas sanções e ironiza os EUA, que anunciaram bloqueio ao petróleo da Rússia porque não depende dele

Sputnik / Turan Salcı
Sputnik / Turan Salcı
Após reunião com ucraniano, Lavrov disse que Rússia não admite seu território na mira de sistemas militares da Ucrânia

São Paulo – Os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e da Ucrânia, Dmitry Kuleba, se reuniram presencialmente nesta quinta-feira (10) na cidade de Antália, na Turquia, que se ofereceu para mediar o diálogo. O encontro durou 90 minutos e contou com a participação do chanceler turco, Mevlut Cavusoglu. Segundo o representante de Moscou, o colega de Kiev “pegou para análise o projeto russo para resolução do conflito, e vai dar uma resposta”.

Lavrov foi assertivo e claro sobre a posição de Vladimir Putin. “Não queremos a militarização da Ucrânia na Otan ou sem Otan”, disse, segundo o site Sputnik Brasil. De acordo com o chanceler, a instalação de sistemas militares na Ucrânia vai “manter sob a mira o nosso território”.

Por sua vez, o ministro ucraniano apenas declarou que a discussão sobre um cessar-fogo de 24 horas não evoluiu, assim como o diálogo para “resolver as questões humanitárias mais urgentes”. “Estou disposto a me encontrar novamente neste formato se houver prospectos de uma solução substancial”, disse Kuleba.

Sergei Lavrov afirmou que a mídia ocidental está manipulando as informações sobre alegadas “atrocidades” da Rússia contra hospital-maternidade em Mariupol, no sul da Ucrânia. “Não é a primeira vez que ouvimos gritos hipotéticos com relação ao que chamam de ‘atrocidades’ executadas por ‘forças armadas russas’”, disse o ministro.

O chanceler russo acrescentou que, em reunião do Conselho de Segurança da ONU, há três dias, a delegação de Moscou apresentou fatos mostrando que o hospital “há muito tempo foi capturado pelo Batalhão Azov”. O grupo de extrema-direita armada, de acordo com ele, junto com outros radicais, seria, hoje, base de um batalhão neonazista.

Neonazistas na Guarda Nacional

O Batalhão Azov é um grupo neonazista que integra a Guarda Nacional ucraniana desde 2014, quando um golpe derrubou o então presidente do país Viktor Ianukovitch, que era pró-russo. A informação não se restringe à mídia “de esquerda”, mas é divulgada também por veículos da chamada “mídia tradicional”.

O “grupo de Azov” é o “braço armado do movimento nacionalista branco ucraniano Azov, que começou suas atuação como milícia voluntária anti-Rússia”, informa, por exemplo, a Revista Galileu. Segundo esse e outros veículos, o grupo entrou para a guarda oficial da Ucrânia em maio de 2014, um mês depois do anúncio da alegada “Operação Antiterrorista” de combate a separatistas pró-Rússia no leste do país, na região conhecida como Donbass.

União Europeia: “Já atingimos o limite”

Ainda nesta quinta-feira, o ministro de Assuntos Exteriores da União Europeia (UE), Josep Borrell, deu uma declaração contundente sobre as sanções impostas à Rússia pelo Ocidente. “Quanto às sanções financeiras, é claro, você sempre pode ir mais longe, mas já atingimos os limites do que podemos fazer. Fizemos tudo o que podíamos”, disse Borrell, em entrevista à France Info.

Ele acrescentou que a UE precisa “evitar entrar em guerra com a Rússia porque, caso contrário, seria a terceira guerra mundial”. Também comentou que o bloqueio à compra do gás e petróleo russos é muito mais difícil para os europeus, que dependem da energia da Rússia, ao contrário dos EUA. “Para os Estados Unidos, não é muito difícil porque quase não consomem petróleo russo. Dizer ‘não vou fazer o que já não estou fazendo’ não tem muito mérito.”

Com informações de Sputnik Brasil