Devastação

Mais de 72 horas após terremoto, número de mortos na Turquia e na Síria supera 17 mil 

Presidente turco diz que vítimas na Turquia passam de 14 mil, com 60 mil feridos. Na Síria são cerca de 3 mil. Quantidade de pessoas ainda presas nos escombros indica que número de mortos será dramaticamente maior

Unocha/Twitter/Reprodução
Unocha/Twitter/Reprodução
trabalho das equipes de resgate e emergência também sofre dificuldades por conta das temperaturas abaixo de zero, que ainda agravam a situação dos sobreviventes nos dois países

São Paulo – O número oficial de vítimas do terremoto que afetou a Turquia e a Síria na madrugada da segunda-feira (6) subiu para 17.176, segundo dados divulgados pelos governos dos dois países nesta quinta-feira (9). De acordo com o presidente turco, Recep Erdogan, o país soma 14.014 vidas perdidas e mais de 60 mil feridos, enquanto que o número “provisório” da Síria registra 3.162 mortes. 

O dado já alarmante de vítimas deve ainda aumentar, segundo autoridades, agora que já se passaram mais de 72 horas do abalo. Este período é o de maior possibilidade de encontrar sobreviventes. Portanto, o temor é de que o total de óbitos cresça dramaticamente, devido ao elevado número de pessoas que continuam presas nos escombros. O trabalho das equipes de resgate e emergência também sofre dificuldades por conta das temperaturas abaixo de zero, que também agravam a situação dos sobreviventes nos dois países. 

O terremoto de magnitude 7,8 na escala Richter atingiu o sudeste da Turquia e o norte da vizinha Síria. Ele foi seguido de várias réplicas, uma delas de magnitude 7,5. Entre a população turca, passado o choque inicial, o descontentamento é cada vez maior com a resposta das autoridades. O próprio presidente, líder da extrema direita no país, chegou a admitir que o trabalho de emergência teve “deficiências”. E, de acordo com informações da agência de notícias internacionais AFP, vários sobreviventes estão sendo obrigados a procurar alimentos e refúgio por conta própria. Além disso, não há equipes de resgate em vários pontos. 

Censura na Turquia

As temperaturas chegam a marcar -5ºC. Mas, mesmo assim, famílias dormem em carros ou barracas por não terem mais casa ou com medo de voltar para seus imóveis. Pais também são vistos caminhando com filhos no colo, para tentar reduzir os efeitos do frio. Em paralelo, há denúncias de que o governo vem censurando as críticas à administração da crise. A polícia da Turquia confirmou a detenção de ao menos 18 pessoas por publicações consideradas “provocações” nas redes sociais. Quase todas contestando a resposta da gestão Erdogan. 

Diante da tragédia na Turquia e na Síria, entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU) vêm ressaltando a necessidade de esforços de outros países. A ajuda internacional começou a chegar na terça (7), com dezenas de nações oferecendo apoio. Ainda ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizou um aporte, que pode chegar a R$ 10 milhões e envio de uma equipe de busca e resgate urbano. 

A questão Síria

A questão da ajuda, no entanto, ainda é delicada na Síria, assolada por mais de uma década de guerra civil. O país tem regiões sob o controle de rebeldes e seu governo sofre com sanções do Ocidente. Na zona rebelde, por exemplo, a única pela maneira pela qual a ONU pode ajudar os civis, sem cruzar as áreas controladas por Damasco, é por meio de uma passagem na fronteira com a Turquia. 

Os Capacetes Brancos, coletivo de socorristas voluntários que lideram os esforços de resgate nas zonas rebeldes, também imploram por ajuda. “Pedimos à comunidade internacional que assuma sua responsabilidade com as vítimas civis. É uma verdadeira corrida contra o tempo, as pessoas morrem a cada segundo nos encontros”, declarou à AFP o porta-voz do grupo de voluntários, Mohammad al-Chebli. 

O governo de Bashar al-Assad pediu formalmente ajuda à União Europeia. A comissão do bloco pediu então que os países membros respondam de maneira favorável à Síria para o envio de alimentos e remédios, mas com vigilância para impedir o desvio de material. 

(*) Com informações da AFP e do jornal O Globo