Desenvolvimento

Lula viaja à China para estreitar laços com o maior parceiro comercial do Brasil

Após adiamento, Lula enfim embarca para a China. Em pauta, acordos bilaterais lucrativos e a reafirmação da soberania dos países

Ricardo Stuckert/PR
Ricardo Stuckert/PR
Setor corresponde a 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e emprega metade da população

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viaja amanhã (11) para a China, maior parceiro comercial do Brasil. É essencial à economia do país retomar as boas relações após atritos durante a gestão do governo anterior. O petista terá agendas nas cidades de Xangai e Pequim até sábado, com expectativa de concluir pelo menos 20 novos acordos entre os países – ambos integrantes do bloco dos Brics, ao lado de Rússia, Índia e África do Sul.

Acompanham Lula empresários, governadores, senadores, deputados e ministros, como Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social). Os governadores, Jerônimo Rodrigues, da Bahia, Elmano de Freitas, do Ceará, Carlos Brandão, do Maranhão, Helder Barbalho, do Pará, e Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte também integram a delegação.

Comércio e soberania

A viagem estava programada para o dia 4 deste mês, mas foi adiada por conta de uma pneumonia do presidente. Contudo, parte da comitiva presidencial manteve a agenda original. É o caso de Fávaro, que destacou avanços para reduzir burocracias na relação bilateral. “Tratativas importantes que há muitos anos a gente sonhava devem se concretizar com a presença do presidente Lula na China”, disse.

Entre os destaques, um acordo para o comércio direto entre China e Brasil em moeda dos dois países, yuan e real. Esta decisão, na prática, aumenta a autonomia, reduz os custos e fortalece a soberania das nações ao deixar de lado a dependência do dólar.

A relevância do acordo é tanta que um dos maiores nomes da extrema direita dos Estados Unidos, o senador republicano Marco Rubio (Flórida) atacou os países em uma entrevista à Fox News. “Estão criando uma economia secundária independente dos Estados Unidos. Não poderemos falar em sanções em poucos anos. Os países estarão negociando em suas próprias moedas e não em dólar. Não teremos como promover sanções”, disse. O discurso encontra eco também entre os democratas. A porta-voz do presidente Jor Biden chegou a dizer que o acordo é “uma violação dos direitos americanos”.

Brasil e China

A China é maior parceira comercial do Brasil desde 2009. O volume de negócios entre os países superou US$ 150 bilhões em 2022, sendo que o Brasil tem superávit. Foram US$ 89,7 bilhões em exportações e US$ 60,7 em exportações. “A intensificação das relações faz parte de uma agenda que celebra 50 anos de comércio sino-brasileiro. A primeira venda entre os dois países aconteceu em 1973, um ano antes do estabelecimento das relações diplomáticas sino-brasileiras”, informa o Planalto.

“A visita faz parte da reconstrução das relações internacionais do novo governo brasileiro, que inclui as viagens já feitas à Argentina, onde também ocorreu a reunião da Celac, ao Uruguai e aos Estados Unidos, além das reuniões com líderes europeus que vieram para a posse em janeiro. Será também a primeira visita fora do hemisfério ocidental”, diz o governo, em nota.

Existe um grande espaço para alavancar a lucratividade das relações com a China. E Lula evidencia sua disposição para que isso se concretize. O ânimo fica evidente logo no primeiro compromisso do presidente em solo chinês. Ele participa, na quinta-feira, da cerimônia de posse da ex-presidenta Dilma Rousseff no comando do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco de fomento dos BRICS (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Então, na sexta-feira, ele encontrará o primeiro-ministro Li Qiang e o presidente Xi Jinping. Em pauta, negociações sobre investimentos no setor agropecuário, de turismo, e de tecnologia, além de troca de experiências no combate à fome e à pobreza. Um dos acordos, por exemplo, prevê a construção do CBERS-6, o sexto de uma linha de satélites em parceria entre Brasil e China. O diferencial do novo modelo é uma tecnologia que permite o monitoramento de biomas como a Floresta Amazônica mesmo com nuvens.