Provocações

Itamaraty manifesta ‘preocupação’ com Essequibo e pede que países evitem exibições militares

A decisão britânica de enviar o HMS Trent, um navio de patrulha da Marinha Real Britânica, provocou reação de Nicolás Maduro

Divulgação/Marinha Real
Divulgação/Marinha Real
Ministério da Defesa britânico anunciou que está enviando o navio militar HMS Trent

São Paulo – O Ministério das Relações Exteriores do governo brasileiro divulgou nota, nesta sexta-feira (29), em que afirma estar acompanhando “com preocupação” os últimos desdobramentos em torno da região de Essequibo, na Guiana. A situação havia esfriado depois de reunião pacífica entre os presidentes venezuelano, Nicolás Maduro, e o colega guianês Irfaan Ali, em 14 de dezembro, em São Vicente e Granadinas.

Mas o anúncio, pelo Ministério da Defesa britânico, no dia 24, de que está enviando um navio militar para a região reacendeu a tensão. A decisão de enviar o HMS Trent, um navio de patrulha da Marinha Real Britânica, provocou reação de Maduro. A Guiana é ex-colônia e considerada aliada dos britânicos.

Em pronunciamento, Maduro disse que determinou o início de “uma ação defensiva conjunta das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas” na costa de Essequibo. No mês passado, a Venezuela realizou um referendo no qual a população aprovou a anexação da região de Essequibo, que equivale a 70% do território da Guiana e é rica em petróleo.

“O governo brasileiro acredita que demonstrações militares de apoio a qualquer das partes devem ser evitadas”, diz a nota do Itamaraty. Segundo a diplomacia brasileira, a declaração do dia 14 selou o compromisso dos dois países “de não utilização da força ou da ameaça do uso da força, de respeito ao direito internacional e de comprometimento com a integração regional e a unidade da América Latina e o Caribe”.

Espírito de integração’

O Itamaraty acrescentou que o Brasil considera a Declaração de Argyle para o Diálogo e a Paz, assinada por Guiana e Venezuela naquela data, “um marco nos esforços para abordar pacificamente a questão, tendo em mente o espírito de integração que nos move, como uma região de paz, cooperação e solidariedade”.

Assim, concordaram em cooperar para evitar “medidas unilaterais que possam levar a uma escalada da situação”. Na ocasião, Irfaan Ali disse que a Guiana “tem todo o direito” de explorar “seu espaço soberano”, enquanto o governo de Maduro classificou o encontro como “respeitoso”.