Israel declara Lula ‘persona non grata’; presidente tem apoio de palestinos e rabinos
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula no domingo. Frase irritou os israelenses
Publicado 19/02/2024 - 11h06
São Paulo – O governo de Israel declarou nesta segunda-feira (19) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é persona non grata (diplomata ou representante estrangeiro considerado inaceitável) após o líder brasileiro comparar a atuação israelense em Gaza ao Holocausto. Mais de 29 mil palestinos foram mortos em ações em retaliação aos ataques do Hamas em 7 de outubro. Segundo fontes oficiais, são pouco mais de 1.200 pessoas mortas do lado israelense, que descarta cessar-fogo. Na diplomacia, o termo diplomata ou representante estrangeiro considerado inaceitável para o governo credenciador não recebe agrément.
“Não perdoaremos e não esqueceremos – em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao Presidente Lula que ele é uma ‘persona non grata’ em Israel até que ele peça desculpas e se se retrate”, escreveu nesta manhã o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, nas redes sociais.
Esta manhã, convoquei o embaixador do Brasil em Israel para Yad Vashem, o local que demonstra mais do que qualquer outro o que os nazistas e Hitler fizeram aos judeus, incluindo a membros da minha própria família.
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) February 19, 2024
A comparação do presidente do Brasil, @LulaOficial, entre a… pic.twitter.com/ylHMJXSXVc
Segundo o ministro, o embaixador do Brasil em Israel foi chamado para Yad Vashem, “local que demonstra mais do que qualquer outro o que os nazistas e Hitler fizeram aos judeus”. E voltou a reforçar o discurso oficial da justeza da guerra contra o Hamas.
Faixa de Gaza, Israel, palestinos e Holocausto
Ontem (18), Lula comparou o massacre do povo palestino promovido pelos israelenses ao Holocausto comandado por Adolf Hitler contra os judeus na Segunda Guerra Mundial. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula, em entrevista coletiva concedida na 37ª Cúpula da União Africana, em Adis Abeba, Etiópia.
:: Lula equipara massacre palestino promovido por Israel a Holocausto
O presidente brasileiro também classificou as mortes de civis em Gaza de “genocídio” e criticou países desenvolvidos por reduzirem ou cortarem a ajuda humanitária na região. Logo em seguida, o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que Lula cruzou “uma linha vermelha” e que convocaria o embaixador brasileiro para explicações.
A declaração de Netanyahu foi prontamente criticada por rabinos ortodoxos do grupo Torah Judaism, que se auto intitulam Judeus unidos contra o Sionismo. Sem citar o nome de Lula, a postagem teve efeito de apoio, já que coloca Netanyahu de mãos dadas com Hitler.
Israel much worse than the nazis. https://t.co/W1OtNjt3Hr pic.twitter.com/SgUx18RD3b
— Torah Judaism (@TorahJudaism) February 18, 2024
Árabes palestinos no Brasil apoiam Lula
A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) saiu em defesa de Lula e defende que o Brasil rompa imediatamente seus laços diplomáticos com Israel. “Uma honra para a biografia de Lula”, disse a federação por meio de suas redes sociais.
O min. de Relações Exteriores de "israel" afirmou que Lula é "persona non grata" na ocupação colonial que se autodenomina "país".
— FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) February 19, 2024
Uma honraria para biografia de Lula.
Inadmissível e patética a cena tentando constranger o embaixador brasileiro publicamente.
Romper laços. Já. pic.twitter.com/6jPhN4YItm
Redação: Cida de Oliveira