Fidel, “ressuscitado”, pede que “mundo de loucos” evite guerra nuclear

Líder cubano Fidel Castro, em foto divulgada pelo site Cubadebate, em conversa com o diretora do jornal mexicano “La Jornada” (Foto: Revolution Studios/Cubadebate/Handout/Reuters) O líder cubano Fidel Castro concedeu entrevista […]

Líder cubano Fidel Castro, em foto divulgada pelo site Cubadebate, em conversa com o diretora do jornal mexicano “La Jornada” (Foto: Revolution Studios/Cubadebate/Handout/Reuters)

O líder cubano Fidel Castro concedeu entrevista ao diário La Jornada, do México, sobre sua recuperação física e os rumos do mundo. Na conversa de cinco horas, publicada na edição desta segunda-feira (30), o ex-presidente afirma que está se recuperando aos poucos e comemora o fato de, naquele dia, ter dado 600 passos sem auxílios.

“Minha doença não é nenhum segredo de Estado”, afirma, para adiante acrescentar: “Cheguei a estar morto (…) Eu já não tinha aspiração de viver, nem muito menos… Me perguntei várias vezes se essa gente (os médicos) ia me deixar viver nessas condições ou se me permitiriam morrer.”

Fidel chegou a pesar pouco mais de 60 quilos graças ao agravamento de seu quadro de saúde, composto por diverticulite e alguns acidentes. “Quero te dizer que está ante uma espécie de ressuscitado”, afirma à repórter Carmen Lira Saade, que perguntou com o que Fidel tinha se deparado quando ressuscitou. A resposta foi forte: “Com um mundo de loucos… Um mundo que aparece todos os dias na televisão, nos jornais, e que não há quem entenda, mas que eu não gostaria de perder por nada neste mundo.”

Nuclear

Fidel está certo de que o mundo corre o risco de uma catástrofe nuclear. Ele aponta que o episódio mais claro é o do Irã, acusado o tempo todo pelos Estados Unidos de tentar a fabricação de armas nucleares. O governo de Mahdmoud Ahmadinejad aceitou todas as condições apresentadas na negociação intermediada pelo Brasil, mas o Departamento de Estado da Casa Branca conseguiu aprovar no Conselho de Segurança das Nações Unidas uma nova rodada de sanções contra a nação asiática.

“A princípio pensei que o ataque nuclear se daria sobre a Coreia do Norte, mas rapidamente retifiquei isso porque ponderei que isso seria parado pela China com veto no Conselho de Segurança.” Por isso, Fidel acredita que é preciso convocar a uma concertação global para evitar o problema e cobra que todos sejam racionais. “Temos que mobilizar o mundo para persuadir Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, a evitar a guerra nuclear. Ele é o único que pode, ou não, apertar o botão.”

Democracia

O ex-presidente negou que exista censura sobre a população da ilha. Ele argumentou que a comunicação é fundamental e elogiou as possibilidades abertas pela internet. Fidel aponta que não há conexão de banda larga na ilha devido ao bloqueio imposto pelos Estados Unidos, que além de impor dificuldades tecnológicas, torna muito caro o pagamento do serviço. “Cuba se vê obrigada, em função disso, a baixar o sinal de um satélite, o que encarece muito mais o serviço que o governo cubano tem de pagar.” A questão, segundo ele, será resolvida em breve por meio uma parceria com a Venezuela.