São Paulo –  Em encontro com intelectuais cubanos e estrangeiros, o ex-presidente de Cuba Fidel Castro afirmou que a humanidade precisa ser salva imediatamente e incumbiu os interlocutores de cumprir seus papéis de livrar a espécie humana da extinção. Fidel referia-se a temas como os altos preços dos alimentos, a educação de jovens e também aos protestos que agitam o mundo árabe.

As informações foram publicadas no jornal Cuba em Debate. “Por que o mundo não se pode comportar como uma família?”, afirmou Fidel, em sua primeira aparição pública em 2011. O encontro, transmitido ao vivo pela televisão estatal, ocorreu no Palácio das Convenções de Havana, do qual participaram intelectuais cubanos e escritores estrangeiros convidados.

Na Feira do Livro em Havana, o ex-líder advertiu quanto aos “perigos do mundo”. Ele criticou o fato de que, mais de meio século após “um dos atos mais irracionais” da humanidade, que foram as explosões de bombas nucleares em Hiroshima e Nagasaki, a humanidade tenha apenas “inundado o mundo de irracionalidade”.

Ao perguntar aos participantes qual o problema mais sério que eles creem que haja atualmente, a maioria defendeu a necessidade de articular forças para utilizar melhor as novas e desafiadoras plataformas de comunicação. O debate, imediatamente, foi procedido pelo possível efeito dominó das rebeliões sociais no Norte da Africa e Oriente Médio, destacando, por muitas vezes, o evidente interesse nas jovens gerações com os problemas desta época.

Ele rechaçou a possibilidade de a população cubana seguir os passos dos protestos no Egito, que culminaram na renúncia do presidente Hosni Mubarak.

Crise alimentar e potências ocidentais

Fidel debateu também a crise no preço dos alimentos provocada pela especulação financeira. Dentre as consequências estão a compra de terra em países subdesenvolvidos por multinacionais e o uso desregrado dos agrocombustíveis que por muitas vezes multiplicam o Produto Interno Bruto (PIB) dos países do hemisfério norte. “Temos que informar o povo o que se deve extrair de cada metro quadrado de terra em nosso país”, alertou.

O ex-líder falou sobre as chamadas democracias ocidentais, as instituições financeiras e até organismos internacionais – citando a ONU – onde a honestidade não sobrevive quando não se curva diante dos poderosos “com as mãos manchadas de sangue e não simbólica”, definiu Fidel.