Assembleia Nacional

Esquerda unida e coalizão de Macron empatam no primeiro turno das eleições legislativas na França

A Nupes, liderada por Jean-Luc Mélenchon, espera mobilizar no próximo domingo os eleitores que não foram às urnas para governar em “coabitação” com o atual presidente

Reprodução/Facebook
Reprodução/Facebook
Para Mélenchon, resultados preliminares apontam "derrota" de Macron no 1 º turno das eleições legislativas

São Paulo – A segunda volta das eleições legislativas na França será marcado pela disputa entre o presidente, Emmanuel Macron, e o candidato da coligação de esquerda, Jean-Luc Mélenchon. De acordo com pesquisas preliminares de cinco institutos, a coalizão de esquerda Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes), liderada por Mélenchon, conquistou entre 25% e 26,2% dos votos válidos, no primeiro turno. Já a coalizão Juntos que apoia o presidente reeleito ficou com 25% e 25,8%. Os números foram divulgados pela Rádio França Internacional (RFI).

O pleito realizado ontem (12) registrou recorde na abstenção, com mais da metade dos eleitores (52,3%) que preferiram não votar. O segundo turno da disputa, no próximo domingo (19) vai definir se Macron terá maioria no Parlamento ou se terá que compor com outros grupos mais à direita. Ao mesmo tempo, Mélenchon, líder da França Insubmissa, almeja o posto de primeiro-ministro, governando em “coabitação” com Macron.

Ambos, Nupes e Juntos, apostam na maior mobilização do eleitorado na disputa final, que vai definir as 577 cadeiras da Assembleia Nacional. Para Mélenchon, os resultados do primeiro turno apontam para “derrota” do bloco governista. Ele conclamou a participação dos trabalhadores para pôr fim a “30 anos de neoliberalismo”. Por outro lado, a primeira-ministra, Elisabeth Borne, disse que só a coalizão macronista seria capaz de obter a maioria legislativa. Nesse sentido, ela pediu pela união de “todas as forças republicanas”.

A unidade das esquerdas surgiu como a principal inovação dessas eleições legislativas. Além da França Insubmissa, a Nupes reúne ecologistas, comunistas e socialistas. Sem o apoio dessas outras forças, Melénchon quase chegou ao segundo turno das presidenciais francesas em abril. Ele ficou com  22% dos votos dos, menos de dois pontos atrás da líder de extrema direita Marine Le Pen, derrotada por Macron na segunda volta.

“Ainda há jogo”

Como o voto para o legislativo francês é distrital, apesar do empate entre as forças de esquerda e de centro, a estimativa do instituto de pesquisa Elabe é que a Nupes pode entre 160 e 210 cadeiras, contra 260 a 295 da coalizão governista. Já os Republicanos, que representam a direita tradicional, devem ter entre 33 e 80 deputados. Por fim, o Reagrupamento Nacional, de Le Pen, deve obter entre 25 a 35 assentos no parlamento. Apenas cinco candidatos se elegeram no primeiro turno: quatro da Nupes e um do Juntos.

De acordo com o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) Luis Felipe Miguel, as projeções para as eleições na França indicam que o grupo de Macron deve conquistar a maior bancada. No entanto, não deve obter a maioria absoluta. Assim, o mais “provável”, segundo ele, seria uma aliança entre os macronistas e a direita tradicional (Republicanos).

Já a boa votação do Nupes deve animar a militância, “sacudindo” as abstenções. Além disso, os candidatos da coalizão de esquerda podem se beneficiar da rejeição ao atual presidente, conforme o especialista. “O projeto de forçar uma coabitação e fazer de Mélenchon o novo primeiro-ministro é difícil, mas não impossível. Ainda que não dê certo, o fato é que a esquerda francesa cresceu”, afirmou Miguel pelas redes sociais.