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Escolha de presidente fracassa na Grécia e eleições legislativas são antecipadas

Fato abre caminho para que a coligação de esquerda Syriza, favorita segundo as últimas pesquisas de opinião, chegue ao poder

efe

Parlamentares podiam respaldar Dimas ou simplesmente dizer ‘presente’

São Paulo – O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, antecipou as eleições legislativas do país para 25 de janeiro. A medida, prevista pela Constituição, foi anunciada hoje (29) após o fracasso de seu candidato e único postulante à presidência, Stavros Dimas, que não conseguiu votos suficientes para ser eleito presidente da República.

Na Grécia, o presidente não é escolhido diretamente pelo povo, mas pelo Parlamento. Como Dimas não conseguiu ser eleito, um novo Congresso deverá ser formado e o atual terá de ser dissolvido dentro de dez dias.

O resultado abre o caminho para que a coligação de esquerda Syriza, favorita segundo as últimas pesquisas de opinião, chegue ao poder.

A Constituição grega estabelece que as eleições presidenciais devem ser realizadas entre três e cinco semanas após o fracasso da escolha do presidente.

Na terceira e decisiva votação parlamentar de hoje, Dimas, ex-comissário europeu e várias vezes ministro, de 73 anos, obteve o respaldo de 168 dos 300 deputados da câmara legislativa helena, 12 a menos do que os 180 votos necessários.

No plenário, estiveram presentes os 300 parlamentares, dos quais 132 só votaram com “presente”.

Em uma breve mensagem televisionada, Samaras responsabilizou os 132 deputados que decidiram não respaldar seu candidato.

O primeiro-ministro afirmou que o povo saberá entender o que o governo alcançou nestes últimos anos, que a Grécia estava a ponto de sair do resgate e que saberá quais são “as consequências das aventuras da oposição”.

Já o líder da oposição Alexis Tsipras saudou o resultado dizendo que indica o fim dos programas de resgate vinculados à austeridade: “Hoje é um dia histórico para a democracia grega. Legisladores provaram que a democracia não pode ser chantageada”, disse a repórteres após a votação. “Com a vontade de nosso povo, em poucos dias os resgates vinculados à austeridade também serão coisa do passado. O futuro já começou”.

Analistas políticos consideram que a campanha eleitoral será dura, com enfrentamentos e sem consenso sobre o futuro da dívida grega.

Syriza

A coalizão liderada por Alexis Tsipras é, atualmente, o maior partido da oposição. Ela, que venceu as eleições europeias deste ano, defende menos austeridade para a Grécia.

O partido também defende a renegociação do acordo de ajuda à Grécia com a UE e o FMI, além da revisão de algumas medidas de austeridade impostas pela Troika (Banco Cental Europeu, FMI e Comissão Europeia).

Diante do cenário, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, afirmou hoje que “novas eleições não mudam nada na dívida grega”, que é de 175% do PIB, e que “cada novo governo deve respeitar os acordos feitos pelos antecessores”.