São Paulo – Os bancos gregos estão reabrindo hoje (20), mas com atividades limitadas. Em seu comentário na Rádio Brasil Atual, o correspondente em Berlim, Flávio Aguiar, observa que a ressaca da última imposição do pacote neoliberal imposto à Grécia sobrou para diversos países. “O pacote que Tsipras havia levado à reunião de cúpula foi redigido com a França, então, a recusa liminar que a Alemanha fez atingiu a França também. E também tinha o apoio da Itália e Espanha, ou seja, a União Europeia está fragilizada. Se a União Europeia falhar e rachar, pode haver uma catástrofe mundial generalizada.”

O comentarista conta que a crise política na Grécia é séria, pois o partido do governo está rachado. “O Syriza rachou. Alexis Tsipras teve que recompor seu governo tirando dele aqueles que votaram contra a aprovação do pacote do parlamento nacional”, mas ele reitera que o primeiro-ministro grego não teve sua posição abalada. “Ele mantém certa popularidade, até vem se apontando em várias análises que ele agiu com muita calma, foi à televisão fazer um pronunciamento ao povo grego e disse que não havia outra saída e assumiria as responsabilidades pelos erros cometidos.”

“Ele não deu a volta por cima porque ainda há muita água para correr, mas ele não caiu, como era o desejo de muita gente da hegemonia neoliberal que domina a União Europeia”, analisa.

Aguiar diz que o partido da primeira-ministra alemã, Angela Merkel, também está rachado, e causa instabilidade no governo da Alemanha. “A União Democrata Cristã (em alemão CDU) está rachada, pois uma parte apoia a decisão dela, outra queria endurecer com a Grécia para que não votasse outro acordo e forçasse o país a deixar o euro. O ministro alemão Wolfgang Schaeuble ameaçou renunciar ao cargo, sendo que a aliança entre ele e Merkel era o que dava estabilidade à CDU e ao governo.”

Ouça o comentário de Flávio Aguiar na Rádio Brasil Atual.