Discurso de premiê israelense nos EUA é obstáculo para paz, dizem palestinos

Netanyahu descartou direito de retorno de refugiados palestinos, fronteiras de 1967 e intermediação da ONU para definir fronteiras do Estado Palestino (Foto: © Jason Reed/Reuters) São Paulo – O posicionamento […]

Netanyahu descartou direito de retorno de refugiados palestinos, fronteiras de 1967 e intermediação da ONU para definir fronteiras do Estado Palestino (Foto: © Jason Reed/Reuters)

São Paulo – O posicionamento do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em relação a soluções para o conflito histórico na região representa “mais obstáculos” para o processo de paz no Oriente Médio, disse um porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas. Em discurso em Washington, nesta terça-feira (24), Netanyahu rechaçou a proposta do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de estabelecer um Estado Palestino a partir das fronteiras de 1967.

“O que veio no discurso do Netanyahu não vai conduzir à paz”, disse à agência Reuters Nabil Abu Rdainah, porta-voz de Abbas. Na prática, o primeiro-ministro israelense deixou claro que, embora disposto a ceder terras por um acordo permanente, pretende manter anexadas áreas atualmente ocupadas na Cisjordânia, o que significa menos terras para os palestinos.

O discurso do premiê ocorre na semana seguinte a reuniões com Obama sobre as fronteiras de um futuro Estado palestino. O retorno às fronteiras pré-1967 são uma das reivindicações palestinas para a paz. Isso inclui a retirada de colônias e assentamentos israelenses construídos em território ocupado contrariamente à posição da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Estou disposto a fazer dolorosas concessões para atingir essa paz histórica”, disse Netanyahu. “Como líder de Israel, é minha responsabilidade”, disse ele em discurso ao Congresso norte-americano. “Não é fácil para mim. Não é fácil, porque eu reconheço que a verdadeira paz necessitará da entrega de parte da terra natal ancestral dos judeus”, completou o premiê, referindo-se ao território ocupado da Cisjordânia.

A possibilidade de aceitar o traçado de fronteiras de 1967 esbarra, na visão de Netanyahu, nas “mudanças demográficas drásticas” ocorridas desde então. Além de menos terras, o Estado Palestino teria de ser desmilitarizado e aceitar a presença das Forças Armadas de Israel no vale do Jordão. A permanência dessas forças seria de longo prazo.

Para contar com a oferta “generosa” de Netanyahu, os palestinos teriam ainda de abrir mão do direito de retorno de refugiados. A partir da criação de Israel, em 1948, milhões de palestinos deixaram suas casas rumo a outros países. A possibilidade de regressar é reconhecida pela ONU em resoluções de seu Conselho de Segurança.

Sob aplausos, Netanyahu defendeu que Abbas se coloque “diante de seu povo” para dizer: “Eu vou aceitar um Estado judeu”. Embora o Fatah, partido ao qual pertence o presidente da autoridade palestina, reconheça a existência de Israel, o Hamas recusa-se a tomar essa posição. O premiê israelense incluiu a crítica a Abbas em função de um acordo entre as duas principais forças políticas palestinas, celebrado há 15 dias no Cairo, no Egito.

Netanyahu também pediu a Abbas para voltar atrás no acordo de partilhar o poder com o Hamas e para desistir de uma campanha para assegurar o estatuto de soberania da Palestina em setembro, na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas. Esse conjunto de medidas permitiriam, segundo ele, fazer com que o presidente palestino fiasse-se como “verdadeiro parceiro para a paz”.

Com informações da Reuters