Depois de ganhar mais poderes, vice do Egito pede que jovens ‘não ouçam TV internacional’

São Paulo – Logo após o pronunciamento do presidente do Egito, Hosni Mubarak, foi a vez de seu vice, Omar Suleiman, fazer um discurso à nação. Promovido ao cargo em […]

São Paulo – Logo após o pronunciamento do presidente do Egito, Hosni Mubarak, foi a vez de seu vice, Omar Suleiman, fazer um discurso à nação. Promovido ao cargo em 29 de janeiro, Suleiman recebeu mais poderes, transferidos por Mubarak, e pediu “diálogo civilizado” com a oposição. Ele argumentou ainda que os jovens do país, que participam das manifestações, não devem ouvir às TVs internacionais.

“Jovens do Egito, voltem a suas casas e a seus trabalhos. Não ouçam aos canais de TV internacional via satélite, ouçam apenas a suas consciências”, clamou. Suleiman sustenta que a mudança já começou, referindo-se a alterações no governo Mubarak já realizadas, além da criação de uma comissão com membros de partidos de oposição para se debater novas transformações e o processo de transição.

Suleiman recebeu novos poderes nesta quinta-feira (10), segundo anunciou Mubarak em pronunciamento na TV egípcia. Embora Mubarak não tenha especificado quais funções passariam a ser transferidas, o vice fez referências a questões relacionadas à economia e à segurança.

“Vou atender às demandas do povo por meio do diálogo civilizado”, comprometeu-se. “Agora que o presidente delegou-me autoridade, vou pedir a todos que participem da busca para encontrarmos essas demandas”, reforçou.

Sobraram elogios aos ativistas que, há 17 dias, promovem manifestações diárias no país, especialmente na Praça Tahir, no centro do Cairo. “Vamos fazer tudo que for possível para atender as demandas do povo, vamos preservar a revolução jovem e o respeito à lei”, afirmou.

O vice é uma figura menos desgastada politicamente do que o presidente, por estar no cargo há menos tempo, além de contar com apoio dos enviados dos Estados Unidos ao país. O cargo, aliás, foi criado no dia 29 de janeiro como forma de contornar as pressões internas por mudanças.

Mubarak mantém-se no poder há 30 anos, em uma ditadura repleta de denúncias de violações de direitos humanos. Diversas fontes ligadas ao governo declararam, nesta quinta-feira, que o presidente renunciaria em favor de Suleiman. Ele, porém, frustrou as expectativas nesse sentido.