Pária internacional

Colômbia expulsa diplomatas argentinos após Milei insultar Petro: ‘Terrorista assassino’

Em comunicado, a chancelaria colombiana declarou que os comentários do presidente da Argentina afetam a relação de irmandade entre os países e ofendem a dignidade do presidente Gustavo Petro

Twitter/@petrogustavo/Reprodução
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No documento, a chancelaria da Colômbia pontuou que Milei se "expressou de forma degradante contra o presidente dos colombianos"

São Paulo – O governo da Colômbia ordenou a expulsão de diplomatas da Argentina de seu território. A medida extrema, que coloca o país como um pária, é uma reação a um novo ataque do líder argentino Javier Milei ao presidente colombiano Gustavo Petro. Em uma entrevista à CNN da Espanha, Milei afirmou que não se podia esperar muito de “alguém que era um terrorista assassino”, em referência ao passado de Petro como integrante da guerrilha M-19 (Movimiento 19 de Abril), que foi a primeira a realizar o acordo e a entrar na política, em 1990.

Em comunicado publicado na noite de ontem (27), o Ministério de Relações Exteriores da Colômbia repudiou as declarações do extremista argentino. No documento, a chancelaria do país pontuou que Milei se “expressou de forma degradante contra o presidente dos colombianos, o respeitado Sr. Gustavo Petro”.

Ao anunciar a expulsão de diplomatas, o governo declarou que os comentários “afetam a relação de irmandade entre os países” e “ofendem a dignidade do presidente Petro, que foi eleito de maneira democrática”. “O alcance desta decisão será comunicado à embaixada da Argentina através dos canais institucionais diplomáticos”, destaca.

Histórico de rusgas

Esta não é a primeira vez que o presidente da Argentina usa o termo para se referir ao primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia. No final de janeiro, Milei chamou seu homólogo colombiano de “assassino comunista” e afirmou que ele estava “arruinando o país” durante uma entrevista veiculada no YouTube. O ataque também foi lembrado pelo governo Petro no comunicado de ontem.

Na ocasião, o presidente argentino já havia arriscado uma crise. E teve os comentários classificados como “desrespeitosos e irresponsáveis”. A chancelaria de Bogotá convocou o embaixador de Buenos Aires para consultas diante do ataque de Milei que violou, na avaliação da representação colombiana, “os laços profundos de amizade, compreensão e cooperação que historicamente uniram Colômbia e Argentina”.

As relações entre os dois países eram de harmonia até a eleição de Milei, em novembro. Quando o argentino foi eleito, Petro não cumpriu o protocolo e economizou os parabéns pelo resultado nas urnas. O líder da Colômbia ainda afirmou que o resultado era uma tristeza para a América Latina e não participou da posse de Milei. Os políticas e reformas ultraliberais do argentino também têm provocado mal-estar entre as nações.

Na chamada Lei Ônibus, lançada por Milei, Petro afirmou que 20 mil estudantes colombianos que estudavam na Argentina seriam “literalmente expulsos” caso ela fosse aprovada. Isso porque o país passaria a cobrar de estrangeiros que não têm residência permanente a mensalidade em universidades locais. O texto acabou sendo retirado do plenário da Câmara em fevereiro após discordâncias.

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