Chávez está ‘consciente’ de sua recuperação e segue como presidente, diz Maduro

Vice-presidente venezuelano criticou opositores por especulações quanto à nomeação de Elias Jaua ao cargo de chanceler

São Paulo – Hugo Chávez está consciente das fases de seu pós-operatório e continua sendo o chefe de Estado da Venezuela, afirmou o vice-presidente do país, Nicolás Maduro. O líder bolivariano permanece internado em Havana para se recuperar de uma intervenção cirúrgica, realizada no dia 11 de dezembro, contra um câncer.

Três dias depois de ter visitado o presidente venezuelano na ilha caribenha junto de outros ministros, Maduro esclareceu diferentes aspectos da situação atual do país em uma entrevista exclusiva à Agência Efe e publicada, integralmente, no Noticias 24.

“O que posso dizer agora é que Chávez é o presidente da Venezuela, começou o mandato de 2013-2019 e seguirá sendo presidente do nosso país”, reiterou o vice-presidente. “O presidente é um presidente em posse do cargo, reeleito, ratificado várias vezes. Havia continuidade e há continuidade administrativa”.

Maduro afirmou que “a Constituição é muito clara” e não houve ruptura da ordem democrática com o adiamento da posse de Chávez, apoiado tanto pela Assembleia Nacional quanto pelo Supremo Tribunal.

“O único cenário no qual o companheiro Diosdado Cabello assumiria a Presidência é se fosse declarada a falta absoluta do presidente antes do juramento”, disse ele, respondendo às críticas dos opositores venezuelanos. Esses setores rejeitam a decisão judicial e afirmam que Chávez, reeleito em outubro de 2012, não pode assumir o poder e exigem a convocação de um novo pleito presidencial.

Questionado sobre o estado do presidente, Maduro respondeu que “o vê muito tranquilo, sereno e consciente de todas as fases pelas quais passou no pós-operatório”. O vice-presidente disse que o líder passou por “situações difíceis” no final do ano, mas afirmou estar “otimista” quanto à sua recuperação. 

Apesar do quadro positivo, Maduro assegurou que o governo venezuelano está analisando um conjunto de cenários desde o discurso de Chávez do dia 8 de dezembro, quando anunciou o retorno do câncer e traçou futuros possíveis para o país. “Ele (Chávez) já tinha pensado em distintas fórmulas para enfrentar qualquer circunstância, inclusive a pior”, afirmou.

O vice-presidente explicou que nem mesmo a equipe médica consegue estabelecer o tempo de recuperação do líder bolivariano, mas acrescentou “talvez nos próximos dias, seja possível dar uma resposta um pouco mais próxima da realidade”. 

Sobre a cobertura midiática da doença de Chávez, Maduro garantiu que o povo está sendo informado “de forma reiterada com a verdade”. Segundo ele, “o presidente sempre nos exigiu que mantivéssemos o povo muito bem informado, de maneira muito objetiva, com serenidade e com respeito a ele como paciente”.

No entanto, por conta do papel desenvolvido pelo líder bolivariano contra “os impérios”, alguns cuidados foram necessários, informou Maduro. “Tivemos que enfrentar uma guerra midiática, realmente miserável sobre a vida do presidente”, contou ele, mencionando mídias internacionais que escreveram sobre o presidente venezuelano a partir de fontes de Miami.

“Então adotamos o que consideramos uma opção correta: dar relatos que combinem a luta de ideias, a defesa política e humana do presidente Chávez e de sua família e a informação médica”, explicou.

Maduro ainda tratou da recente nomeação de Elias Jaua, ex-vice-presidente venezuelano, como ministro das Relações Exteriores da Venezuela. “A direita venezuelana é tão trôpega que insiste em dizer que o novo chanceler não foi nomeado pelo presidente Chávez”, afirmou. Os opositores acusam o vice-presidente de ter tomado a ação, não permitida pela legislação ao seu posto.

“A única que falsificou uma carta e uma assinatura na história da Venezuela recente foi a oposição, inventando que o presidente Chávez tinha renunciado em 2002”, acrescentou, garantindo que a ordem foi do presidente.