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Cancelamento de diálogo provoca grande manifestação em Hong Kong

Manifestantes insistem que seguirão com as concentrações até que o governo decida retomar as conversas sobre abertura democrática

Rolex Dela Pena/efe

Manifestantes foram convocados ontem pelas três organizações que lideram os protestos

Hong Kong – Milhares de cidadãos de Hong Kong reuniram-se novamente hoje (10) nas ruas para pedir a abertura democrática para a ilha em resposta ao cancelamento por parte do Executivo local do diálogo previsto para ocorrer entre as autoridades e os estudantes.

Os manifestantes foram convocados ontem pelas três organizações que lideram os protestos depois que o governo decidiu cancelar a rodada de conversas para tentar chegar a um acordo sobre o futuro da ilha e acabar com duas semanas de protestos.

“Estamos aqui para fazer mais pressão e para forçar o governo a nos escutar. Não esperamos que nossas reivindicações sejam cumpridas imediatamente, mas sim que nosso governo abra a via do diálogo e entenda que a democracia é dos cidadãos, não das instituições”, declarou à Agência Efe a administradora Miriam Fong.

“O governo está nos desafiando quando diz que não quer nos escutar. Acha que as pessoas que estavam protestando dia e noite não são importantes, mas aqui estamos todos hoje para dizer que somos muitos mais e que viemos pedir plena democracia”, disse, por sua vez, Jason Lam, um programador que criou uma página na internet para recolher mensagens de apoio aos protestos.

Segundo ele, o site recebeu mais de 35 mil mensagens de todo o mundo e só hoje foram três mil. “Queremos que o governo veja que estamos decididos a seguir adiante com nossos pedidos”, explicou a pesquisadora Mag Tang, que estava acompanhada de seu marido.

“Somos realistas. Sabemos que o que pedimos não será alcançado em curto prazo, mas queremos um governo que apoie nossas reivindicações e as transfira a quem possa nos dar uma solução, não este, que o único que faz é seguir ordens de outro”, acrescentou Mag Tang, em referência ao chefe do Executivo, Leung Chun-ying, a quem os manifestantes consideram “um lacaio” de Pequim.

Os manifestantes insistiram que seguirão com as concentrações até que o governo decida retomar o diálogo.

A “número dois” do Executivo local, Carrie Lam, anunciou ontem o fechamento das negociações em resposta ao “plano de desobediência” que os estudantes lançaram horas antes. “O diálogo não seria construtivo. Os estudantes devem se retirar”, afirmou Lam, horas depois de as três principais organizações dos maciços protestos (Occupy Central, Scholarism e a Federação de Estudantes de Hong Kong) anunciarem que não parariam a ocupação das ruas até que o governo atendesse às suas demandas.