Brasil voltou

Ao abrir Assembleia Geral da ONU, Lula dirá a países ricos que emergentes também têm voz

A mudança na governança global, a crise climática e a desigualdade social serão os pilares do discurso do presidente na ONU, nesta terça em Nova York. Lula também se reúne com Biden

Norwegian Mission/UN
Norwegian Mission/UN
Mais uma vez, os EUA manifestaram posição contra a paz na região de Gaza

São Paulo – Na abertura da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai defender, nesta terça-feira (19), uma mudança na governança global, o combate à fome e à desigualdade social no mundo e tratar da crise climática. Depois de quatro anos de Jair Bolsonaro, a volta de Lula ao púlpito da ONU, em Nova York, é aguardada com expectativa.

A fala de Lula, de pouco mais de dez minutos, ainda está em fase de ajustes. Vem sendo preparada pelo assessor especial da Presidência, Celso Amorim, pelo chanceler Mauro Vieira e outros redatores do governo federal. Passa pela diplomacia do Itamaraty, pelos principais assessores do presidente e até pela primeira dama, Janja da Silva, que dá algumas opiniões.

Entre os temas urgentes, o presidente quer passar um recado claro aos países ricos de que os emergentes querem que sua voz seja ouvida nas decisões globais. A crítica justifica a necessidade de reforma dos organismos internacionais, hoje compostos majoritariamente por países ricos.

Na ausência de outros líderes mundiais, Lula também terá a possibilidade de atuar como o principal interlocutor do Brics e do Sul Global. Também é esperado que o presidente anuncie que o Brasil terá um novo compromisso de redução de emissões de dióxido de carbono (CO2).

Agenda pró-trabalhador

Após o discurso de abertura, o brasileiro se reúne com o líder dos Estados Unidos, Joe Biden, na quarta (20), para o lançamento do documento “Coalizão Global pelo Trabalho”. A ação defende a liberdade sindical, assim como garantias aos trabalhadores por aplicativo, entre outras medidas. O assunto é tratado como uma das grandes prioridades de Lula em sua agenda até quinta (21) em Nova York. É prioridade também de Biden, que precisa reforçar o apoio no meio trabalhista norte-americano visando às eleições de 2024.

Segundo a BBC News Brasil, o “trabalho decente” da Organização Internacional do Trabalho (OIT) deve ser uma premissa do documento. A categoria define como tal o trabalho produtivo e de qualidade. A liberdade sindical e o direito de negociação coletiva devem ser destacados. Além da promoção da proteção social e eliminação do trabalho forçado, infantil e outras formas de discriminação.

Serão contempladas salvaguardas a trabalhadores de aplicativos, como entregadores ou motoristas, que não devem ser tratados como empreendedores ou microempresários e sim como força de trabalho. Os empregos da nova economia verde deve estar entre os itens abrodados, de acordo com a reportagem, pois o tema preocupa lideranças sindicais devido à eliminação de postos de trabalho com a transição do combustível fóssil para a redução de emissão de carbono.

Lula e Biden

O lançamento da coalizão Lula-Biden deve colocar na mesma foto pela primeira vez na história do Brasil e EUA os dois presidentes e líderes sindicais americanos, como a AFL-CIO e a UFCW, quanto do Brasil, como da CUT. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, também estará presente. A divulgação do documento também representa um resgate da relação entre os dois líderes.

“A sacada não está em algo escrito no documento, está no fato de que Brasil e EUA estão liderando isso juntos, que Lula e Biden construíram algo novo em conjunto”, disse à BBC um dos auxiliares de Lula com envolvimento direto no assunto.

Leia também: