Fomentam extremismo

Em Cuba, Lula critica modelo de negócios de empresas de tecnologia, as Big Techs

Além de discutir o papel da ciência e tecnologia nos desafios atuais, Lula cumprirá agenda de trabalho com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel. Esta é a primeira viagem oficial de um mandatário brasileiro ao país caribenho em nove anos. A última foi em 2014, com Dilma Rousseff

Ricardo Stuckert/PR
Ricardo Stuckert/PR
Viagem de Lula a Cuba é a primeira de um mandatário brasileiro após 9 anos

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (SP) criticou, na manhã deste sábado (16), em Havana, o modelo de negócios das grandes empresas multinacionais de tecnologia, as chamadas Big Techs. A declaração foi dada durante Cúpula do G77 + China, na capital cubana.

“As grandes multinacionais do setor de tecnologia possuem modelos de negócios que acentuam a concentração de riquezas, desrespeitam as leis trabalhistas e, muitas vezes, alimentam violações de direitos humanos e fomentam o extremismo”, afirmou Lula, que chegou a Cuba na noite de sexta-feira (15).

Entre essas empresas estão as gigantes da internet e das redes sociais, que no Brasil resistem às normas de regulação em discussão no Congresso. É o caso do Google, Meta (proprietária do Facebook, do Instagram e do WhatsApp) e Spotify. No início de maio, em meio às discussões do Projeto de Lei (PL) 2630, o PL das Fake News, o Google colocou na página de busca link para artigo contrário à aprovação da proposta. Segundo pesquisas, essas empresas faturam alto com a divulgação de notícias falsas e de conteúdo que estimulam a violência.

Sob a presidência de Cuba, o encontro do G77 + China deste ano discute os desafios atuais do desenvolvimento e o papel da ciência, tecnologia e inovação. O grupo com 77 países-membros, criado em 1964, foi ampliado e atualmente é composto por 134 nações em desenvolvimento do Sul global. São países da Ásia, África e América Latina. A China se uniu ao bloco nos anos 1990.

Lula abriu seu discurso condenando o isolamento imposto a Cuba por outras nações. “Rechaçamos a inclusão de Cuba na lista de estados patrocinadores do terrorismo”, disse o presidente, que defendeu um pacto global digital da Organização das Nações Unidas (ONU).

E a exemplo de discursos em outras reuniões de cúpula, Lula voltou a cobrar dos países ricos o financiamento de ações de combate às emissões de gases causadores do aquecimento global e das mudanças climáticas. Responsáveis pela maioria dessas emissões, esses países, porém, são são os mais afetados pelos efeitos das mudanças. E sim os países pobres, que menos emitem, e também os em desenvolvimento.

A agenda de Lula em Havana inclui encontro com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel. Esta é a primeira viagem oficial de um presidente brasileiro ao país caribenho em nove anos. A última foi em 2014, quando a ex-presidente Dilma Rousseff esteve na capital cubana.

De Havana, Lula seguirá para Nova York, sede da Organização das Nações Unidas. Na próxima terça-feira (19), fará o primeiro discurso do debate geral de chefes de Estado da 78ª Assembleia Geral da ONU.

Será a oitava vez que Lula abrirá o debate geral dos chefes de Estado. Nos oito anos em que governou o Brasil, em seus dois primeiros mandatos, ele deixou de comparecer apenas em 2010.

O chefe do governo brasileiro participará também do lançamento de uma iniciativa global para promoção do trabalho decente, juntamente com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Estão previstas outras reuniões bilaterais, multilaterais e ministeriais entre os países participantes e diversos organismos internacionais paralelas à assembleia geral.

Lula viajará aos Estados Unidos acompanhado de ministros que deverão participar de diversas reuniões temáticas nas áreas de direitos humanos, saúde e desarmamento.

Com Agência Brasil