Rússia x Ucrânia

Putin sugere reação nuclear a ‘chantagem’ do Ocidente: ‘Não é blefe’

Líder russo reage ante contra-ataque ucraniano, que militarmente só é possível graças à maciça ajuda de Estados Unidos e Europa a Zelensky

Grigory Sysoev/Sputnik
Grigory Sysoev/Sputnik
"Os que tentarem nos chantagear com armas nucleares devem saber que os ventos podem se virar na direção deles"

São Paulo – Com revezes inesperados da Rússia nas últimas duas semanas, na região ucraniana de Kharkiv (a nordeste), onde o Exército de Volodymyr Zekensky, com forte apoio do Ocidente, reconquistou de 6 mil a 8 mil quilômetros quadrados, a guerra entre Rússia e Ucrânia voltou a uma escalada imprevisível. Nesta quarta-feira (21), o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma “mobilização parcial” de 300 mil soldados da reserva. O líder russo faz agora um esforço para dar uma resposta militar ante o contra-ataque ucraniano e a pressão de setores internos contrariados com as derrotas inesperadas. Putin anunciou a abertura de novas fábricas de armamento e voltou “a agitar o fantasma das armas nucleares”, segundo a mídia europeia.

O presidente falou ao país em mensagem pela TV. Segundo ele, “cidadãos que estão na reserva e já tiveram serviço militar ou têm experiências importantes terão mais treino para participar nas operações militares”. Acrescentou que “a mobilização começará hoje mesmo”. Os 300 mil militares que serão mobilizados representam cerca de 1% dos 25 milhões de russos na reserva.

Putin voltou a sugerir o uso de armas nucleares, e mencionou “chantagem nuclear” ocidental para justificar essa possibilidade. “No Ocidente, não param de ameaçar o nosso povo, falam do fornecimento de armas de longo alcance à Ucrânia, falam da Crimeia e de ataques à própria Rússia”, disse Putin.

“Londres e outros fazem chantagem nuclear”

“Londres e outros dizem que os combates devem passar para o território russo e fazem chantagem nuclear”, continuou. Nesse sentido, ele alegou que quem atacou a central nuclear de Zaporíjia foi o Ocidente, e não a Rússia.

“Dirigentes da Otan admitem o uso de armas de destruição massiva contra a Rússia. Lembro a quem faz estas acusações que também temos meios de ataque, e mais modernos. Em caso de ameaça à integridade territorial, para defender a Rússia e nosso povo, nós certamente usaremos os meios disponíveis. Isso não é blefe”, afirmou . “Os que tentarem nos chantagear com armas nucleares devem saber que os ventos predominantes podem se virar na direção deles”, ameaçou ainda Vladimir Putin.

Segundo ele, o Ocidente ultrapassou todos os limites de sua hostilidade antirrussa. Ele destacou que Kiev rejeitou acordo em Donbass publicamente e fez exigências sobre obter armas nucleares, além de deixar claro que poderia atacar a Crimeia.

“Ficou totalmente claro que um novo ataque em grande escala em Donbass, como nas duas vezes anteriores, era inevitável. Então, um ataque à Crimeia russa, à Rússia, também seria inevitável. Sendo assim, a operação militar preventiva foi totalmente necessária e a única decisão possível”, disse Putin.

“Durante décadas (o Ocidente) promoveu o ódio contra a Rússia, principalmente na Ucrânia, que eles imaginavam como um ponto de apoio contra a Rússia. O Ocidente transformou o povo ucraniano em bucha de canhão e o empurrou para uma guerra contra nosso país”, disse Putin. Ele afirmou que o conflito em curso começou em 2014, quando um golpe armado em Kiev derrubou o governo eleito da Ucrânia.

Zelensky na Assembleia Geral da ONU

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky está na programação da Assembleia Geral das Nações Unidas, onde deve se pronunciar por videoconferência nesta quarta-feira. Segundo a ONU, ele foi o único orador autorizado, por uma votação na Assembleia Geral, a enviar um discurso pré-gravado. Todo o debate pode ser acompanhado na página da ONU. 

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