Conjuntura global

Estudo avalia riscos da atuação dos Estados Unidos por uma nova Guerra Fria

Documento disponível para download gratuitamente reúne artigos de especialistas em geopolítica e lança luz sobre o papel do imperialismo norte-americano no conflito na Ucrânia

© Sputnik / Aleksei Nikolsky
© Sputnik / Aleksei Nikolsky
Desenvolvimento da cooperação militar entre Rússia e China: Estados Unidos procuram impedir processo de integração

São Paulo – O mundo assiste atualmente a uma escalada militar, econômica e política dos Estados Unidos e seus aliados ocidentais contra Rússia e China.

Os Estados Unidos procuram impedir o processo de integração eurasiana que ameaça a primazia das elites euro-atlânticas, buscam a supremacia nuclear global e usam qualquer meio para “enfraquecer” tanto a Rússia quanto a China, mesmo correndo o risco de destruir o planeta.

Esse cenário é analisado em três ensaios de um novo estudo Os EUA em busca de uma Nova Guerra Fria: uma perspectiva socialista, lançado na terça-feira (13), para tratar dessas tendências de longo prazo que se manifestaram agora no conflito entre Rússia e Ucrânia.

O primeiro artigo, escrito pelo editor da revista Monthly Review John Bellamy Foster, cataloga a teoria da “dominação por escalada” do establishment estadunidense, que está disposto a encarar os riscos de um inverno nuclear — ou seja, a aniquilação — para manter sua supremacia. 

Já a jornalista Deborah Veneziale, em seu artigo, escava o mundo social do militarismo nos Estados Unidos, o mundo íntimo dos think tanks e das empresas de produção de armas, dos políticos e seus escribas, e observa como as várias frações da elite política deste país se uniram para apoiar essa estratégia de confronto contra a Rússia e a China. 

Por último, John Ross, membro do coletivo No Cold War, escreve que, com o conflito na Ucrânia, os Estados Unidos intensificaram qualitativamente seu ataque militar ao planeta. Esta guerra é perigosa porque mostra que eles estão dispostos a confrontar diretamente a Rússia, uma grande potência, e a intensificar seu conflito com a China “ucranizando” Taiwan. A única coisa capaz de frear os Estados Unidos, argumenta Ross, é a resiliência da China e seu compromisso em defender sua soberania e seu projeto e o crescente descontentamento no Sul Global contra a imposição dos objetivos da política externa estadunidense. 

O estudo Os EUA em busca de uma Nova Guerra Fria: uma perspectiva socialista está disponível para download no site do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, em português.

Confira um trecho da introdução de Vijay Prashad

Dor a curto prazo, ganho a longo prazo define a perigosa escalada dos Estados Unidos e seus aliados ocidentais contra a Rússia e a China. O que é impressionante sobre a postura dos Estados Unidos é que busca evitar um elemento histórico que parece inevitável: o processo de integração eurasiano. Após o colapso do mercado imobiliário dos EUA e a maior crise de crédito no setor bancário ocidental, o governo chinês buscou, ao lado de outros países do Sul Global, construir plataformas que não dependessem dos mercados da América do Norte e da Europa. Essas plataformas incluíram a criação dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em 2009 e o anúncio do “Um Cinturão, Uma Rota” (posteriormente, “Iniciativa do Cinturão e Rota” – ICR -, ou a “Nova Rota da Seda”), em 2013. O fornecimento de energia russa e suas enormes explorações metálicas e minerais, ao lado da capacidade industrial e tecnológica chinesa, atraíram muitos países a se associarem à ICR (a exportação russa de energia está implícita nesse processo), independente de sua orientação política. Esses países incluíam Polônia, Itália, Bulgária e Portugal. A Alemanha é hoje o maior parceiro comercial da China no comércio de mercadorias. (…) Os três ensaios neste volume analisam de perto e de forma racional as tendências de longo prazo que se manifestam agora na Ucrânia.”


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