Cresce tensão

Relação entre EUA e Rússia está ‘à beira do colapso’, diz Moscou

Nos últimos dias Biden vem chamando Putin de “criminoso de guerra”, mas vídeo que veio à tona mostra norte-americano admitindo ter sugerido ataque que matou mais de 2 mil em 1999

Fotos: Reprodução
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Presidente dos Estados Unidos desde a semana passada tem atacado líder da Rússia, mas Moscou tem respondido pelo Ministério das Relações Exteriores

São Paulo – O Ministério das Relações Exteriores da Rússia entregou nesta segunda-feira (21), ao embaixador dos Estados Unidos em Moscou, nota de protesto contra os comentários “inaceitáveis” do líder americano Joe Biden sobre o presidente russo Vladimir Putin. As relações bilaterais entre os países está “à beira do colapso”, segundo a pasta. As declarações do presidente dos Estados Unidos são “indignas de um estadista de tão alto escalão”, acrescentou o ministério em comunicado. Desde a semana passada Biden tem inviabilizado a possibilidade de diálogo chamando o presidente da Rússia de “criminoso de guerra”, entre outras agressões verbais. Moscou adverte que “ações hostis tomadas contra a Rússia” terão como resposta “uma rejeição decisiva e firme”.

Apesar das acusações norte-americanas, foi Biden que se aproximou de ser classificado de fato como criminoso de guerra nos últimos dias. No sábado, o chefe da Roscosmos, corporação de atividades espaciais da Rússia, Dmitry Rogozin, recuperou e postou uma declaração de Biden de 1999. Então senador, ele aparece dizendo ter sugerido ataque à Iugoslávia que matou mais de 2 mil pessoas, incluindo 89 crianças.

“Eu sugeri o bombardeio de Belgrado. Sugeri que os pilotos americanos fossem lá e destruíssem todas as pontes do Danúbio”, disse Biden na época (assista ao vídeo com as declarações aqui). “À beira de seu túmulo, esse maldito velho deve se lembrar de suas atrocidades, dos milhares de civis que matou”, acrescentou Dmitry Rogozin.

No campo de batalha

Segundo o site Sputnik, paraquedistas russos expulsaram hoje nacionalistas da região de Kiev e tomaram posse de grande quantidade de armas e blindados. Usuários da Internet, na Ucrânia, filmaram um lançador de foguetes posicionado nas proximidades de um shopping, em Kiev no momento em que eram disparados. A Ucrânia negou sistematicamente que usava a área com fins militares.

Essa tática comprova que as forças de Volodymyr Zelensky, o presidente ucraniano, usa civis como escudos humanos, como vêm acusando Moscou. A Rússia exige que a Ucrânia se declare um país neutro e assuma o compromisso de nunca se unir oficialmente à Otan.

Hoje, a União Europeia aprovou um plano de defesa do bloco que pretende criar uma força de 5 mil soldados, o que é muito mais humilde do que o exército da UE que o presidente francês Emmanuel Macron propôs.

Tóquio e Moscou

A tensão diplomática não envolve apenas Estados Unidos e Europa, mas também o Japão. Moscou não continuará as negociações no âmbito de um tratado de paz com o Japão, disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, pois “não é possível discutir um documento sobre relações bilaterais com um Estado que assume posições abertamente hostis e busca prejudicar o interesses do nosso país”.

Em tese, a Rússia e o Japão ainda estão legalmente em guerra, já que não assinaram nenhum tratado de paz após o final da  Segunda Guerra Mundial, em 1945. Tóquio quer de volta as ilhas chamadas pelos japoneses de “territórios do norte”, ocupadas pela então União Soviética. Moscou hoje rejeitou um acordo sobre  atividades econômicas conjunta nas ilhas em questão.

Hoje um dos mais fiéis aliados dos EUA, o Japão é o único país da história que sofreu um ataque nuclear – pelos norte-americanos – que devastou as cidades de Hiroshima e Nagasaki, em 6 de agosto de 1945.