Solidariedade

México oferece asilo a Julian Assange e pede ‘atitude humanitária’ dos EUA

“Assange está doente e seria uma demonstração de solidariedade e fraternidade permitir que ele recebesse asilo”, diz presidente López Obrador

Reprodução/Agência Brasil
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Assange foi retirado à força da embaixada do Equador em Londres e entregue à justiça britânica

São Paulo – O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, ofereceu asilo político ao ativista australiano Julian Assange. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (3), Obrador afirmou que pedirá uma “atitude humanitária” aos Estados Unidos em relação ao fundador do Wikileaks. Em dezembro, o Tribunal de Apelação de Londres – onde Assange está preso – julgou procedente recurso do governo norte-americano pela extradição. O governo pretende, desse modo, vê-lo julgado no país por vazamentos em massa de documentos de Washington.

“Estabelecemos nossa posição e estamos prontos para oferecer asilo a Assange no México”, disse Obrador. “Acreditamos que o governo dos Estados Unidos deve agir com humanidade. Isso porque Assange está doente e seria uma demonstração de solidariedade e fraternidade permitir que ele recebesse asilo.”

Segundo o próprio presidente mexicano, no final do governo de Donald Trump ele enviou carta ao então presidente dos EUA pedindo perdão a Assange. Obrador afirmou que não houve resposta. “Endosso o compromisso do México solicitando ao governo dos Estados Unidos uma atitude humanitária”, acrescentou. Nas atuais condições, a oferta tem chance muito remota de ser aceita por Washington, mas a atitude de Obrador dá visibilidade política ao caso.

Assange está preso desde maio de 2019 no Reino Unido. Na época, ele foi retirado à força da embaixada do Equador em Londres e entregue à justiça britânica pelo então presidente equatoriano, Lenín Moreno. Mas em janeiro de 2021, a juíza Vanessa Baraitser, do tribunal criminal de Old Bailey (Londres), negou a extradição do ativista. A juíza argumentou de que ele corre risco de morte com o processo nos Estados Unidos. Com 50 anos, o ativista australiano responde a pelo menos 18 acusações criminais, envolvendo espionagem e conspiração para invadir computadores do governo.

“Dor interminável” de mãe

Após o julgamento a favor da extradição, no mês passado, um documento do Grupo de Puebla e do Conselho Latino-Americano de Justiça e Democracia pediram a liberdade de Assange. Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff assinaram a carta, divulgada em 12 de dezembro. No documento, os signatários afirmam ter sido um “grave erro judicial” a decisão do Tribunal de Westminster (Reino Unido) que derrubou a decisão da juíza Vanessa Baraitser.

A defesa do fundador do WikiLeaks recorreu da decisão da corte londrina, mas Assange continua recluso em uma prisão de segurança máxima em Londres.

Na semana passada, a mãe de Assange, Christine Ann Assange, escreveu uma carta aberta ao mundo na qual fala da “dor interminável e angustiante de ser a mãe de um jornalista vencedor de vários prêmios, e que teve a coragem de publicar a verdade sobre crimes governamentais de alto nível e corrupção”.

Na carta, Cristine Ann diz temer que Assange “seja enterrado vivo num confinamento solitário extremo” nos EUA. Além disso, segundo ela, existe “o medo constante de que a CIA execute os seus planos para o assassinar”.