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EUA e Europa elevam tom contra Rússia após convocação de referendo na Crimeia

Obama e Kerry reafirmam que península pertence à Ucrânia e que consulta pública desrespeita o direito internacional. União Europeia anuncia primeiras sanções

Sergey Dolzhenko/EFE

Em Kiev, manifestantes se reuniram no ato “Uma só Ucrânia”, contra separação da Crimeia

São Paulo – Os Estados Unidos recusaram-se hoje (6) a reconhecer decisão do Parlamento da Crimeia em aprovar sua anexação à Rússia e convocar referendo para que a população da península ucraniana dê sua opinião sobre o assunto. O presidente norte-americano, Barack Obama, afirmou que a consulta pública viola o direito internacional, e advertiu Moscou que Washington se manterá firme contra a intervenção do Kremlin na Ucrânia.

“A proposta de referendo sobre o futuro da Crimeia violaria a Constituição da Ucrânia e o direito internacional. Qualquer discussão sobre o futuro da Ucrânia deve incluir o governo legítimo da Ucrânia”, reiterou Obama em um pronunciamento surpresa, de acordo com a Agência Efe. “No ano de 2014 estamos muito longe dos dias nos quais as fronteiras podiam ser desenhadas acima das cabeças dos líderes democráticos.”

O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, também contestou hoje (6) a decisão do Parlamento da Crimeia e afirmou que “Crimeia é Ucrânia”, anunciando sanções “também econômicas” para quem ameaçar a soberania ucraniana. De acordo com a Agência Efe, Kerry voltou a pedir à Rússia que dê “marcha a ré”. “Cada referendo deve ser coerente com o direito vigente no país, neste caso a Ucrânia, e a consulta da Crimeia não só violaria a Constituição ucraniana mas também o direito internacional”, anotou.

A União Europeia (UE) decidiu hoje (6) suas primeiras medidas para abreviar a crise na Ucrânia por via dupla: impondo as primeiras sanções a Moscou com a suspensão das negociações para liberar vistos e garantindo a Kiev ajudas econômicas e um acordo político. “Nos últimos dias vimos o desafio mais grave para a segurança em nosso continente desde a guerra dos Bálcãs”, disse o presidente permanente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.

Segundo a Agência Efe, os chefes de Estado e do governo da UE realizaram hoje em Bruxelas uma cúpula extraordinária dedicada a buscar uma solução pacífica para o conflito. Como primeira medida, a UE decidiu suspender as negociações com a Rússia frente à liberação de vistos e as do novo acordo-marco das relações entre Bruxelas e Moscou, e confirmou que os países comunitários que pertencem ao G-8 não irão às reuniões preparatórias na cidade russa de Sochi.

Se não houver progressos, continuou Van Rompuy, “haverá consequências para a relação bilateral entre a União e seus Estados-membros, e Rússia, em amplas áreas econômicas”. O presidente do Conselho Europeu reiterou que a “Rússia tem que diminuir o nível das tensões ou sofrerá as consequências”.