Paraguai é suspenso oficialmente e Venezuela entra no Mercosul

Após reunião em Mendoza, bloco confirma suspensão temporária de paraguaios, mas admite que saída para destituição de Fernando Lugo se dará apenas nas eleições de abril de 2013

Os presidentes do Mercosul entendem que as sanções econômicas acabariam por prejudicar o povo paraguaio (Foto: Presidência da Argentina)

São Paulo – Os chefes de Estado do Mercosul anunciaram a entrada da Venezuela no bloco a partir de 31 de julho, durante a próxima reunião, que será no Rio de Janeiro. A suspensão temporária do Paraguai por conta da destituição do presidente Fernando Lugo abriu caminhou para a entrada dos venezuelanos, barrados pelo Legislativo de Assunção.

“Para os presidentes, que adotamos de comum acordo esta decisão, é uma grande honra e uma responsabilidade”, afirmou a presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, anfitriã do encontro ocorrido hoje (29) em Mendoza, no oeste do país. Como os congressos de Brasil, Argentina e Uruguai já haviam aprovado a incorporação da Venezuela, a suspensão temporária do Paraguai foi o que abriu caminho à nova adesão.

Em Mendoza, os três países anunciaram a adoção de sanções políticas aos paraguaios com base nas cláusulas democráticas do Mercosul. A destituição de Lugo na última semana por deputados e senadores, em julgamento-relâmpago, foi o motivo da decisão, que deixou de lado punições econômicas devido ao fato de que poderiam prejudicar a população. 

“Aquele que prima por respeitar os princípios do direito de defesa é aquele que prima por rechaçar ritos sumários para que a manifestação dos legítimos interesses dos povos de nossos países sejam assegurados”, afirmou a presidenta Dilma Rousseff, em discurso que deu a entender que o bloco não vê grande chance de reverter a situação e trazer Lugo de volta ao poder. “Por isso temos de fazer nossos melhores esforços para que as eleições de abril no Paraguai sejam democráticas, livres e justas.” 

Na abertura do encontro, a presidenta da Argentina lamentou que Lugo tenha sido destituído em um julgamento político que teve duração de duas horas. “Temos muito claro que todos os povos da América do Sul condenamos práticas que outros países têm com países irmãos quanto a bloqueios e sanções econômicas. Nunca as pagam os governos, pagam os povos.”

“Estivemos 11 chanceleres no Paraguai, constatamos que havia dúvidas sobre o devido processo e o amplo poder de defesa do presidente Lugo, e isso aí levou a uma constatação de que não existe plena vigência democrática”, disse na véspera o chanceler brasileiro, Antonio Patriota. 

Mais condenações

Após o Mercosul, a União de Nações Sul-americanas (Unasul) deve impor sanções políticas ao governo de Federico Franco, que era vice do presidente constitucional. O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou em entrevista à TeleSur que “jamais” reconhecerá o novo gabinete. “O que viveu o povo paraguaio é inaceitável. Para mim e para o povo boliviano, Fernando Lugo segue sendo o presidente legítimo do Paraguai.”

Ao chegar a Mendoza na condição de convidado da cúpula, o presidente do Peru, Ollanta Humala, afirmou que a Unasul precisa pensar no fortalecimento de suas cláusulas democráticas e deve empreender novos esforços para garantir o respeito à Constituição do Paraguai. “Há muitas coisas por fazer no sentido de não perder de vista o povo paraguaio. Há que fortalecer os mecanismos de democracia que conseguimos construir.”

Também na Argentina, o presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou que o golpe de Estado no Paraguai foi feito usando os instrumentos legais, o que deve levar a uma reflexão sobre o aperfeiçoamento da democracia na região. “Tomara que estejamos à altura e tomemos decisões firmes para impedir que estas coisas que pareciam superadas voltem a se repetir”, afirmou, garantindo que não reconhecerá o governo de Franco. “A primeira dissuasão para estes golpistas é a resposta internacional, por isso estamos reunidos aqui.”

Com informações da TeleSur.