Obama promete apoio à internet livre no mundo para defender direitos da imprensa e de blogueiros

Em discurso a países do Oriente Médio e norte da África, presidente norte-americano citou Brasil, Índia e Indonésia como exemplos positivos do poder da internet

O presidente norte-americano defende o acesso aberto à internet e o direito de jornalistas serem ouvidos, de grandes empresas de comunicação ou blogueiro solitário (Foto:© Jason Reed/ Reuters)

 São Paulo – O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu apoio ao livre acesso à internet para garantir direitos de organizações de mídia e de blogueiros autônomos. Em discurso a países do Oriente Médio e do Norte da África, nesta quinta-feira (19), ele citou o Brasil, Índia e Indonésia como exemplos do poder da comunicação no momento atual, em função de tecnologias como a internet.

“Vamos apoiar o acesso aberto à internet e o direito de jornalistas serem ouvidos, de grandes empresas de comunicações ou um blogueiro solitário”, avisou. O discurso foi transmitido a partir da Washington, capital dos Estados Unidos. Segundo ele, telefones celulares e redes sociais da internet permitem, “como nunca antes”, que jovens se conectem para se organizar. “Uma nova geração surgiu.”

Obama falou também a respeito do assassinato, por agentes militares dos Estados Unidos, de Osama Bin Laden, líder da rede Al Qaeda. “Ele (Osama) rejeitou a democracia”, justificou-se. A respeito da necessidade da ação para combater o terrorismo, o presidente lembrou que “mesmo antes de sua morte, a Al Qaeda estava perdendo poder e relevância”.

Outro tema abordado foram os protestos por democracia no mundo árabe – incluindo os realizados em nações aliadas da Casa Branca. No caso do Egito, por exemplo, onde Hosni Mubarak governou por 40 anos com apoio norte-americano, Obama anunciou o perdão de dívidas no valor de US$ 1 bilhão.

Palestina

A respeito da possibilidade de retomada do processo de paz entre o Estado de Israel e os territórios palestinos, Obama admitiu que as mudanças são urgentes. “Por causa de nossa amizade com Israel, é importante que falemos a verdade: status quo é insustentável”, reconheceu. “O esforço por uma paz duradoura que encerre o conflito (entre palestinos e israelenses) é mais urgente que nunca”, frisou.

Ele defendeu que israelenses e palestinos busquem um acordo para a criação de dois Estados independentes e autônomos, seguindo as linhas fronteiriças de 1967. As áreas ocupadas pelos israelenses em Jerusalém Oriental, na Cisjordânia e Faixa de Gaza devem integrar o futuro território palestino.

Na prática, as fronteiras de 1967 representam seguir convenções das Organizações das Nações Unidas (ONU), mas contraria a posição de Israel. Em todas as negociações de paz, o governo baseia-se em outro traçado, com áreas menores para a Palestina.

Obama apelou para que os líderes políticos palestinos e israelenses busquem o respeito mútuo. Intercalando o discurso político com exemplos de sofrimento dos dois lados, como as mortes de vítimas civis, o presidente norte-americano afirmou que Israel deve reconhecer o direito de o povo palestino se “autogovernar”, enquanto os palestinos devem dar legitimidade ao governo israelense para negociar.

Porém, Obama evitou mencionar temas mais tensos das negociações,como as construções de assentamentos israelenses na Cisjordânia e no setor oriental de Jerusalém, além do direito de retorno, reconhecido pela ONU, dos refugiados palestinos.

Aliados e desafetos

Além de Israel, Obama mandou recado para outros aliados do país no mundo árabe. “Nem todos os nossos amigos na região reagiram bem às demandas por mudanças”, pontuou. Ele atribui os levantes populares em diversos países do Norte da África e do Oriente Médio ao desejo de mais abertura e democracia.

Ele citou especialmente o Iêmem e o Bahrein como exemplos de Estados que precisariam acelerar as mudanças. Outras nações, como a Arábia Saudita, que mantém um regime monárquico autoritário, acusado de promover violações de direitos humanos de mulheres e de  opositores, não foi mencionada.

“Será a política dos Estados Unidos para a região promover reformas por toda a região e apoiar a transição democrática”, prometeu. “Não são os Estados Unidos que puseram pessoas nas ruas de Tunis e do Cairo, foi o próprio povo”, defendeu, em alusão às capitais da Tunísia e Egito. Ambas as nações viveram ondas de protestos que culminaram em mudanças no governo.

Se o tom foi menos cordial do que de hábito a alguns dos aliados, as menções aos governos que, historicamente, contam com menos simpatia da Casa Branca, foram duras. “A hipocrisia do regime iraniano (…) é se colocar a favor dos direitos dos manifestantes estrangeiros e ainda reprimir seu próprio povo em casa”, criticou.

Ao presidente sírio, Bashar al-Assad, alvo de sanções internacionais movidas a pedido dos Estados Unidos, a demanda por mudanças políticas foi mais direta. “O povo sírio mostrou sua coragem ao demandar democracia”, avaliou. “O presidente Assad pode liderar a transição ou sair do caminho.”