Haiti recebe menos da metade dos recursos necessários para trabalho humanitário

Durante conferência de doadores, ONU espera conseguir valor necessário para reconstrução física, mas adverte que é pouco para o país devastado por terremoto

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou uma série de informações mostrando que o Haiti não recebeu as doações necessárias para sua reconstrução. O secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, aponta que re-erguer o país custa ao menos US$ 11 bilhões, o equivalente a R$ 20 bilhões.

A afirmação é feita na véspera da conferência internacional de doadores, que tem expectativa de reunir mais de cem nações. O encontro será co-presidido por Brasil, Espanha, França, Canadá e União Europeia, maiores doadores à nação devastada pelo terremoto que deixou mais de 200 mil mortos em janeiro deste ano.

Além da contribuição financeira para a reconstrução, a ONU informou que o valor necessário para ajuda humanitária está longe de ser atingido. O total pedido pelo Escritório das Nações Unidas para a Assistência Humanitária (Ocha) é de US$ 1,5 bilhão, em torno de R$ 2,7 bi, mas apenas 48% do montante chegou ao destino.

Com isso, estão prejudicados os setores de agricultura, gestão de acampamentos, educação, abrigo de emergência e alimentação. A necessidade de aumentar a produção de alimentos e dar segurança aos grupos mais vulneráveis da sociedade está no centro da preocupação da Ocha, ao mesmo tempo em que a ONU articula suas entidades para diminuir os efeitos da temporada de furacões.

O relator da organização para direitos humanos no Haiti alertou que atender as condições financeiras não será suficiente. Michel Forst destaca que uma reconstrução que não leve em conta a preocupação com a garantia dos mais básicos direitos da população vai apenas recriar as condições pré-terremoto.

Ele ressaltou que o número de vítimas tão elevado é também explicado por uma política que forçou milhões de haitianos a viverem sob péssimas condições, em estado de extrema pobreza e em moradias inadequadas. Para Forst, a conferência em Nova York tem papel fundamental em delinear um processo de reconstrução que permita diminuir impactos dos próximos fenômenos naturais, embora a definição do processo deva ser feita pelos haitianos, sem ingerências da comunidade internacional. O relator enfatizou que os doadores precisam promover o acesso aos direitos sociais, culturais, econômicos, civis e políticos.

Com informações da Rádio ONU.