Brasil anuncia mais US$ 172 milhões para Haiti e comunidade internacional promete US$ 5,3 bi

Ministro Celso Amorim afirma durante conferência em Nova York que tragédia do país caribenho deveria servir para reflexão sobre a solidariedade

A conferência da ONU cumpriu o objetivo inicial, que era arrecadar dinheiro para reconstrução do Haiti (Foto: Eskinder Debebe. Nações Unidas)

A conferência de doadores para o Haiti atingiu a meta estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para atender, nos próximos dois anos, às necessidades do país afetado pelo terremoto.

A quantia de US$ 5,3 bilhões ficou bem acima do esperado pela ONU, embora seja um valor ínfimo se comparado ao destinado pelas nações mais ricas aos bancos durante a crise financeira internacional de 2008 e 2009. A longo prazo, os países se comprometem a ceder US$ 9 bi para que o país não volte a sofrer tragédias como as vistas no começo deste ano, quando um terremoto deixou mais de 200 mil mortos.

Como vêm ressaltando diversos órgãos das Nações Unidas, a situação precária da população do país mais pobre das Américas no pré-terremoto foi decisiva para o tamanho da tragédia. Por outro lado, há o alerta de que apenas o respeito à soberania haitiana e aos direitos mais básicos da população vai garantir que a nação tenha uma situação melhor que a registrada atualmente.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou durante o encontro em Nova York que é consenso na comunidade internacional que preservar a autonomia haitiana é fundamental. “Eu estou muito contente e já disse isso mas não sei se vai funcionar. Eu acho que o dia 12 de janeiro deveria ser o Dia da Solideriedade Universal para marcar o engajamento da comunidade internacional com o Haiti porque outras tragédias ocorrem e as pessoas acabam deixando de lado. O caso do Haiti é um caso especialmente grave e será um teste para a disposição da comunidade internacional”, afirmou.

O Brasil, que na condição de um dos maiores doadores teve direito a co-presidir os trabalhos da conferência ‘Um Novo Futuro para o Haiti’, anunciou que vai contribuir com mais US$ 172 milhões. Além disso, o país comanda a Minustah, que são as forças de paz da ONU naquele país, e aguarda autorização para enviar mais 400 soldados, que se somarão aos 2,1 mil que já cumprem mandato.

A ONU estima que, ao longo de dez anos, a reconstrução do Haiti demandará US$ 11,5 bi caso os recursos sejam bem coordenados e dirigidos. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, demonstrou otimismo ao afirmar que há acordo com os líderes haitianos de que é preciso evitar o manejo equivocado de verbas que se viu no passado, com desvios e denúncias de corrupção.