FORÇA E LUTA

Greve histórica nas montadoras dos EUA completa dez dias

Mobilização paralisa pela primeira vez na história, simultaneamente, as três principais fábricas de automóveis estadunidenses e exige aumento de 36% nos salários

(twitter/@UAW)
(twitter/@UAW)
Sindicato representa quase 150 mil trabalhadoras e trabalhadores

São Paulo – A histórica greve nas montadoras dos EUA completa dez dias neste domingo (24). A mobilização, capitaneada por sindicato que representa quase 150 mil trabalhadores, começou no dia 15 de setembro exigindo, dentre outras reivindicações, aumento salarial de 36% ao longo de quatro anos. É a primeira vez na história que uma mobilização desta categoria afeta General Motors (GM), Stellantis e Ford simultaneamente, as três principais montadoras daquele país. A Stellantis é responsável por 16 marcas, dentre elas Fiat, Alfa Romeo, Chrysler, Dodge, Jeep, Opel e Peugeot.

O United Auto Workers (UAW), sindicato que organiza a greve, justifica a reivindicação de 36% por corresponder ao aumento da renda dos gestores de topo. Inicialmente, os trabalhadores apresentaram proposta de 40% em quatro anos, mas até agora os empregadores sinalizam aceitar reajuste de apenas 20% durante quatro anos e meio. Segundo o Deutsche Welle, hoje um empregado de alto escalão de uma fábrica de montagem recebe cerca de US$ 32 por hora contra perto de US$ 17 de um temporário iniciante.

Jornada, férias e restauração de direitos

Além do reajuste, os trabalhadores reivindicam semana de trabalho de 32 horas com 40 horas pagas, ampliação do período de férias. Também querem restauração de direitos que não abrangem contratados a partir de 2007, fim dos níveis variáveis de salários para os empregos nas fábricas. O UAW ainda exige representar trabalhadores em dez fábricas de baterias para veículos elétricos.

De acordo com o presidente do UAW, Shawn Fain, os altos lucros das montadoras possibilita o atendimento das reivindicações. A última década foi bastante lucrativa para GM, Stellantis e Ford. Juntas as três montadoras de Detroit registraram lucro líquido de US$ 164 bilhões, dos quais US$ 20 bilhões somente neste ano. Além disso, os altos gestores de todas abocanham milhões de dólares em remuneração anual. Ainda segundo Fain, as negociações com a Ford avançam melhor, mas na GM e Stellantis “ainda precisam de um grande impulso”.

Direitos trabalhistas

Em meio à greve nas montadoras dos EUA, os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Joe Biden, lançaram em Nova York iniciativa por direitos trabalhistas. O texto foi divulgado pelos dois países durante a 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas.

O documento lista cinco desafios “mais urgentes” enfrentados atualmente pelos trabalhadores: proteger os direitos tal como descritos nas convenções fundamentais da Organização internacional do Trabalho (OIT); incentivar do trabalho seguro, saudável e decente; promover abordagens centradas no trabalho para a transição digital e de energia limpa; aproveitar a tecnologia para o benefício de todos; e combater a discriminação no local de trabalho, especialmente contra mulheres, pessoas LGBTQI+ e grupos raciais e étnicos marginalizados.