Esperança de repatriação

Representação do Brasil na Cisjordania retoma contato com brasileiros no sul de Gaza

Porta-voz do Hamas informa que há disposição de trocar os cerca de 220 reféns por prisioneiros palestinos em cárceres em Israel

Foto: Redes sociais
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O mundo precisa de mais inclusão, tolerância, respeito e amor ao próximo", afirma comunicado

São Paulo – O Escritório de Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia, disse neste sábado que retomou o contato com os brasileiros que estão nas cidades de Rafah e Khan Yunis, ao sul da Faixa de Gaza. O grupo, formado por 34 pessoas, das quais 24 brasileiros, sete palestinos em processo de imigração e três palestinos familiares, aguarda sinal verde do governo egípcio para ser resgatado e retornar ao Brasil.

Na sexta-feira (27), por volta das 20h (14h horário de Brasília), a representação brasileira em Ramala perdeu o contato com os brasileiros devido à queda nos serviços de comunicação por celular e internet em Gaza. Segundo comunicação enviada pelo escritório, a comunicação foi restabelecida e não há relatos de pessoas feridas em decorrência dos bombardeios que acontecem na região.

“Restabelecemos o contato com nossos nacionais nas duas cidades, e continuaremos monitorando a situação”, informou o embaixador Alessandro Candeas, responsável pelo escritório da representação do Brasil.

Em Rafah, o grupo é formado 18 pessoas, das quais nove são crianças. O embaixador informou que conseguiu falar rapidamente com o único canal que conseguiu manter e que todos continuam seguros. “Vão tentar comprar água e alimentos hoje”.

Em Khan Younes, estão nove crianças, cinco mulheres e dois homens. O contato foi feito in loco pelo motorista contratado pelo escritório, que verificou que apesar do clima permanente de tensão e medo todos estão bem, com alimento, água e gás para os próximos dias. A embaixada informou ainda que eles solicitaram a compra de mais mantimentos, e que vai disponibilizar os recursos.

Boletim publicado pelo Escritório para Assuntos Humanitários das Nações Unidas (Ocha) informa que as cidades foram as que registraram o maior número de mortes nos últimos dias.

Na sexta-feira, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou, com 120 votos favoráveis, a proposta de resolução sobre o conflito no Oriente Médio apresentada pela Jordânia, e que foi assinada por 39 países com assento no colegiado.

A proposta pede uma “trégua humanitária imediata, duradoura e sustentada, que conduza ao cessar das hostilidades”.

O documento pede ainda “a libertação imediata e incondicional de todos os civis que permanecem ilegalmente mantidos em cativeiro”.

Além da liberação de civis e trégua humanitária, o documento aprovado pela ONU exige que as partes cumpram com o direito internacional, que os civis da Faixa de Gaza tenham acesso aos bens e aos serviços essenciais, como água, alimentos e medicamentos, e que se anule a ordem de Israel para evacuação de todas as pessoas do norte do enclave palestino.

Em nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência informou que “no Egito, o avião presidencial brasileiro segue posicionado no Cairo para, assim que houver acordo entre as autoridades envolvidas no conflito, repatriar os brasileiros tão logo cruzem a fronteira entre Gaza e o Egito”.

Escalada sem precedentes de bombardeios

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse hoje que ficou surpreso com a escalada de bombardeios de Israel em Gaza e repetiu o pedido por um cessar-fogo imediato para a entrega de ajuda humanitária.

“Fui encorajado nos últimos dias pelo que parecia ser um consenso crescente na comunidade internacional… sobre a necessidade de pelo menos uma pausa humanitária nos combates”, ressaltou Guterres em um comunicado.

“Lamentavelmente, em vez da pausa, fui surpreendido por uma escalada sem precedentes de bombardeios e dos seus impactos devastadores, minando os referidos objetivos humanitários”, afirmou.

Reféns

O porta-voz do Hamas, Abu Odeida, disse hoje que há disposição do comando do grupo para libertar os reféns sequestrados em Israel no dia 7 de outubro, em troca da libertação dos prisioneiros palestinos encarcerados em prisões israelenses.

“O preço a pagar pelo grande número de reféns inimigos nas nossas mãos é esvaziar as prisões [israelenses] de todos os prisioneiros palestinos”, informa nota assinado por Odeida.

“Se o inimigo quiser resolver de uma vez por todas a questão dos detidos, estamos dispostos a fazê-lo”, observa o porta-voz. Israel alega que há 229 reféns nas mãos do Hamas. De acordo com a Al-Jazeera, há aproximadamente 5.200 palestinos em prisões israelenses.

Com informações da Agência Brasil e agências internacionais de notícias