Bola fora

STJD arquiva processo contra jogador Wallace, minimiza ‘sugestão’ de tiro em Lula e libera incitação ao ódio

“Não vislumbrei nenhum símbolo ou vestimenta que possa vincular o noticiado ao esporte”, disse procurador do STJD Fábio Lira

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Atleta que fez "enquete" é apoiador de Bolsonaro e defensor de armas

São Paulo – O chamado Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) arquivou o processo contra o jogador de vôlei Wallace de Souza. Em 31 de janeiro. o atleta – bolsonarista e armamentista –postou uma “enquete” na qual sugeria “um tiro na cara do Lula”. “Alguém faria isso?”, perguntou o atleta na postagem, junto a um emoji de anjo. Ele publicou fotos em um clube de tiro e deu espaço para seguidores se manifestarem.

O procurador do STJD Fábio Lira justificou a decisão alegando que o episódio não tem relação com a conduta esportiva de Wallace. “No presente caso, não conseguimos fazer qualquer elo, por menor que seja, entre a lamentável conduta do atleta e o ambiente desportivo.” Segundo o julgador, Wallace “não poderia jamais ter dado azo a prática de uma conduta tão infeliz”. “Não vislumbrei nenhum símbolo ou vestimenta que possa vincular o noticiado ao esporte”, acrescentou Lira.

A Advocacia-Geral da União (AGU) havia entrado com representações contra Wallace no Conselho de Ética do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e na Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), pedindo multa no valor de R$ 100 mil e banimento do esporte olímpico.

Dessa forma, o procurador desassocia o potencial de influência de Wallace do fato de ser um jogador famoso por atuar na seleção brasileira de vôlei. “Com o que atletas do vôlei brasileiro, desde que fora de competições e sem uniforme, estão liberados para fazer pregação de violência pelo país afora”, observa o jornalista Juca Kfouri em seu blog.

Código Penal

A AGU argumentou que a conduta configura incitação ao crime, delito inscrito no Código Penal. A manifestação de ódio realizada pelo jogador em sua rede social não está protegida pelo direito à liberdade de expressão, alegou ainda. A RBA pediu um posicionamento da AGU após a decisão do STJD e não obteve resposta. Assim, haverá atualização desta publicação em caso de retorno.

O jogador bolsonarista – campeão olímpico em 2016 – foi afastado por tempo indeterminado de sua equipe, o Sada Cruzeiro. Na ocasião, a agremiação afirmou que “repudia qualquer ato que possa significar incitação à violência”.

Já depois do arquivamento do caso pelo STJD do Voleibol a direção da equipe afirmou esperar o fim da suspensão do jogador aplicada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB). “O clube espera que haja o mesmo entendimento em relação à suspensão por parte do Comitê Olímpico Brasileiro (COB)”, diz a nota do Cruzeiro citando a decisão do tribunal esportivo. Já o Conselho de Ética do COB não se pronunciou.

E o atleta, logo depois da repercussão de sua postagem, como é comum nesses casos, se desculpou sobre a questão. “Errei e estou aqui pedindo desculpas porque quando você erra, não tem jeito, você tem que assumir o erro e se desculpar. Jamais tive a intenção de incitar violência ou ódio”, justificou.

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