São Paulo – O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) afirmou nesta terça-feira (2) que a CPI da manipulação de jogos de futebol deve começar a funcionar ainda neste mês. O senador Romário (PL-RJ), que propôs a investigação, deve ser o relator, enquanto Kajuru já fala como presidente da comissão. Contudo, os cargos principais serão definidos na primeira sessão, após os partidos indicarem os seus integrantes. Serão 11 senadores titulares e sete suplentes, com 180 dias de duração.

Como pontapé inicial, o colegiado vai utilizar relatório que da empresa SportRadar, sob encomenda da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que identificou 109 jogos de futebol do ano passado suspeitos de manipulação de resultados. Entre as partidas no foco da investigação, a vitória por 2 a 0 do Londrina sobre o Tombense, em maio do ano passado, pelo série B do Brasileirão. A suspeita é que apostadores tenham se beneficiado no quesito “equipe com mais cartões”. Há ainda partidas sob suspeição na série D, e também em campeonatos estaduais.

Para Kajuru, no entanto, as casas de apostas não devem ocupar o centro das discussão. Isso porque, segundo ele, existem empresas “decentes” que atuam no ramo. Assim, a CPI vai mirar em “corruptos e corruptores”, convocando jogadores, árbitros, dirigentes suspeitos de participar das manipulações.

“A questão é a indecência de resultados estranhos, que ninguém consegue entender. Por exemplo, em Brasília, dois jogos: um time perdeu de 6 a 0, outro de 5 a 0. Ninguém aceitou”, afirmou em entrevista à Rádio Senado. Nesse sentido, o parlamentar ressaltou que as suspeitas estão afetando a credibilidade da “maior paixão nacional”, o futebol.

Cartola botafoguense na mira

Já na primeira sessão, Kajuru afirmou que vai pedir a convocação do empresário John Textor, dono do Botafogo desde 2022 por meio de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O norte-americano fez acusações de manipulação de jogos envolvendo os times do São Paulo e do Palmeiras.

Segundo ele, cinco jogadores do tricolor paulista teriam facilitado um jogo para os alviverdes, em outubro do ano passado, pelo campeonato brasileiro. A partida em questão terminou 5 a 0 para o Palmeiras, que acabou se sagrando campeão do Brasileirão. As duas equipes negam qualquer envolvimento no caso.

Textor, no entanto, não apresentou provas para fundamentar as acusações. Ele alega ter um áudio de um árbitro solicitando o pagamento da propina combinada. O Ministério Público do Rio de Janeiro já requereu acesso ao suposto áudio, o que foi negado pelo dirigente até o momento. “Ele começou a dar uma pista para nós que ele quer apresentar antes do MP aqui na CPI. Isso seria ouro”, disse Kajuru. 

Também nesta terça, o senador solicitou que a Polícia Federal (PF) também entre no caso. “Se (as denúncias) forem verdadeiras, ele tem que ser aplaudido. Mas se forem mentirosas, ele tem que ser banido do futebol”, afirmou Kajuru, na tribuna do Senado.