Atletas protestam contra volta de técnico acusado de assédio moral e sexual
Kleiton Lima havia sido afastado do Santos após 19 denúncias anônimas. Jogadoras do Corinthians, Palmeiras e Avaí Kindermann se manifestaram antes de jogos do Brasileiro. No Cruzeiro, que não foi a campo, mobilização foi nas redes
Publicado 13/04/2024 - 14h00
São Paulo – Jogadoras de futebol feminino do Palmeiras, Avaí Kindermann e Corinthians fizeram um protesto nas duas únicas partidas válidas pelo Campeonato Brasileiro realizadas na noite desta sexta-feira (12). O ato foi motivado pela volta do técnico Kleiton Lima ao comando do Santos. Ele havia deixado o clube em setembro do ano passado após 19 denúncias, apresentadas em cartas anônimas, de assédio moral e sexual. Houve também ação no Cruzeiro, que não foi a campo.
As jogadoras de Palmeiras e Avaí Kindermann se enfrentaram no Estádio Jayme Cintra, em Jundiaí, São Paulo. Momentos antes de o jogo começar, as atletas e os integrantes das comissões técnicas se reuniram no centro do campo e colocaram as mãos na boca, como se estivessem sendo silenciadas. No meio do grupo, duas ficaram de costas mostrando o número 19.
Já as atletas do Corinthians, de longe o time mais vencedor do Brasil no futebol feminino, colocaram as mãos na boca e nos ouvidos durante a execução do hino nacional antes do confronto contra o próprio Santos, justamente no retorno de Kleiton Lima. As Brabas do Timão repetiram o gesto após marcarem um gol no rival, na partida realizada no estádio da Vila Belmiro, em Santos.
MANIFESTAÇÕES CONTRA O ASSÉDIO E O SILENCIAMENTO.
— Dibradoras (@dibradoras) April 12, 2024
No clássico entre @SereiasDaVila e @SCCPFutFeminino , que marca o retorno do técnico Kleiton Lima ao Santos, as jogadoras corintianas fizeram protesto contra o silenciamento das 19 denúncias feitas por atletas contra o treinador. pic.twitter.com/911klf4qQd
Cruzeiro
No Cruzeiro, embora sem citar ou fazer menção direta ao caso de Kleiton Lima, atletas e o treinador Jonas Urias gravaram um filme, veiculado no perfil oficial do clube, protestando contra a violência contra a mulher. “Quero um ambiente seguro e ampliar a nossa vez. Não só por mim, mas por todas nós. O Cruzeiro reforça o seu compromisso no combate à violência contra a mulher. Precisamos juntos lutar contra a cultura de assédio e violência, presente dentro e fora do futebol. A construção de um ambiente seguro é responsabilidade de todos nós! Denuncie: Ligue 180”, escreveu o clube na postagem.
O time mineiro também anunciou que passará a jogar com um selo no uniforme do canal de denúncias 180. “A partir do jogo de hoje, o manto das Cabulosas carregará um patch simbolizando o combate à violência contra a mulher e reafirmando a importância do Ligue 180 como canal de denúncia e orientações.”
Apuração frágil
Kleiton Lima voltou ao comando do Santos após a coordenadora de futebol feminino do clube, Thais Picarte, dizer que o Peixe realizou uma apuração interna e que os argumentos contra Kleiton eram “frágeis”. Pelas redes sociais, algumas das 14 jogadoras que defenderam a equipe no ano passado e já saíram do Alvinegro negaram terem sido procuradas. Reconduzido ao cargo, o técnico negou as acusações e revelou ter pedido abertura de inquérito para investigação da autoria das cartas, alegando ser vítima de calúnia e difamação.