futebol feminino

Atletas protestam contra volta de técnico acusado de assédio moral e sexual

Kleiton Lima havia sido afastado do Santos após 19 denúncias anônimas. Jogadoras do Corinthians, Palmeiras e Avaí Kindermann se manifestaram antes de jogos do Brasileiro. No Cruzeiro, que não foi a campo, mobilização foi nas redes

(Rodrigo Gazzanel/twitter/SCCPFutFeminino)
(Rodrigo Gazzanel/twitter/SCCPFutFeminino)

São Paulo – Jogadoras de futebol feminino do Palmeiras, Avaí Kindermann e Corinthians fizeram um protesto nas duas únicas partidas válidas pelo Campeonato Brasileiro realizadas na noite desta sexta-feira (12). O ato foi motivado pela volta do técnico Kleiton Lima ao comando do Santos. Ele havia deixado o clube em setembro do ano passado após 19 denúncias, apresentadas em cartas anônimas, de assédio moral e sexual. Houve também ação no Cruzeiro, que não foi a campo.

As jogadoras de Palmeiras e Avaí Kindermann se enfrentaram no Estádio Jayme Cintra, em Jundiaí, São Paulo. Momentos antes de o jogo começar, as atletas e os integrantes das comissões técnicas se reuniram no centro do campo e colocaram as mãos na boca, como se estivessem sendo silenciadas. No meio do grupo, duas ficaram de costas mostrando o número 19.

(reprodução/Canal Goat)

Já as atletas do Corinthians, de longe o time mais vencedor do Brasil no futebol feminino, colocaram as mãos na boca e nos ouvidos durante a execução do hino nacional antes do confronto contra o próprio Santos, justamente no retorno de Kleiton Lima. As Brabas do Timão repetiram o gesto após marcarem um gol no rival, na partida realizada no estádio da Vila Belmiro, em Santos.

Cruzeiro

No Cruzeiro, embora sem citar ou fazer menção direta ao caso de Kleiton Lima, atletas e o treinador Jonas Urias gravaram um filme, veiculado no perfil oficial do clube, protestando contra a violência contra a mulher. “Quero um ambiente seguro e ampliar a nossa vez. Não só por mim, mas por todas nós. O Cruzeiro reforça o seu compromisso no combate à violência contra a mulher. Precisamos juntos lutar contra a cultura de assédio e violência, presente dentro e fora do futebol. A construção de um ambiente seguro é responsabilidade de todos nós! Denuncie: Ligue 180”, escreveu o clube na postagem.

O time mineiro também anunciou que passará a jogar com um selo no uniforme do canal de denúncias 180. “A partir do jogo de hoje, o manto das Cabulosas carregará um patch simbolizando o combate à violência contra a mulher e reafirmando a importância do Ligue 180 como canal de denúncia e orientações.”

Apuração frágil

Kleiton Lima voltou ao comando do Santos após a coordenadora de futebol feminino do clube, Thais Picarte, dizer que o Peixe realizou uma apuração interna e que os argumentos contra Kleiton eram “frágeis”. Pelas redes sociais, algumas das 14 jogadoras que defenderam a equipe no ano passado e já saíram do Alvinegro negaram terem sido procuradas. Reconduzido ao cargo, o técnico negou as acusações e revelou ter pedido abertura de inquérito para investigação da autoria das cartas, alegando ser vítima de calúnia e difamação.

*com informações da Agência Brasil