Na mira

STF abre inquérito contra Zambelli por perseguição armada a homem negro

Parlamentar bolsonarista será investigada pelos crimes de porte ilegal de arma e constrangimento mediante arma de fogo

Reprodução
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Além do inquérito por perseguição, Zambelli terá que pagar pelo uso ilegal de foto de Boulos

São Paulo – O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) abriu nesta sexta-feira (3) um inquérito contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A investigação, que corre em sigilo, mira o episódio em que a parlamentar bolsonarista perseguir, com uma pistola em punho, um homem negro em plena rua dos Jardins, em São Paulo, na véspera do segundo turno das eleições de 2022.

Assim, Zambelli será investigada pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal mediante arma de fogo. O primeiro pode acarretar pena de dois a quatro anos de prisão. O segundo, prisão de três meses a um ano.

No dia 25 de janeiro, a Procuradoria-Geral da República denunciou a deputada por porte ilegal de arma de fogo. A vice-procuradora geral, Lindôra Araújo, pediu o cancelamento do porte, o “perdimento” da arma utilizada no episódio e o pagamento de multa no valor de R$ 100 mil por danos morais coletivos.

No fim de dezembro, Gilmar suspendeu o porte de armas da deputada e determinou que elas fossem entregues à polícia. Ela entregou apenas uma pistola. No início de janeiro, a PF dois mandados e apreendeu outras três armas de Zambelli.

Mão leve

Segundo relatos de testemunhas no dia da perseguição, a deputada obrigou o homem a ajoelhar e pedir perdão dentro de um bar. Ele contou que ela ficou fora de si quando ele reagiu a xingamentos de assessores e disse a ela: “Te amo, espanhola”.

Ontem, em entrevista ao portal Metrópoles, Zambelli disse que se arrepende de ter sacado a arma. “Se fosse hoje, eu não teria dado atenção. Disse que errou “politicamente”, mas que legalmente estava “respaldada”. Não estava. Isso porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu o transporte de armas e munições, em todo o território nacional, por parte de colecionadores, atiradores e caçadores – os CACs – no dia das eleições, assim como nas 24 horas que antecederam o pleito e nas 24 horas depois.

No bolso

Também hoje veio a público que Zambelli (PL-SP) está condenada a pagar R$ 8.900 pelo uso indevido de uma fotografia do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP). Em 2021, ela postou uma imagem feita fotógrafo Peter Leone para criticar o adversário. Ela, no entanto, não pagou pelo uso da imagem, nem pediu autorização para utilizá-la.

A defesa de Zambelli alegou que a foto estaria cedida pelo autor a um banco de imagens público. Também reclamou que a imagem é amplamente utilizada, sem restrições ou créditos, na internet. Mas os desembargadores não concordaram. “A deputada alegou mas não comprovou que ele cedeu os direitos autorais da obra fotográfica”, afirmou a desembargadora Fernanda Deporte. A parlamentar ainda pode recorrer da decisão em instâncias superiores.