Cancelada

PGR denuncia Carla Zambelli ao STF e pede cassação do porte de arma da deputada

Ministério Público Federal pede ainda a condenação da bolsonarista ao pagamento de multa no valor de R$ 100 mil por danos morais coletivos

Reprodução/X
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A decisão original de abrir a ação penal contra Zambelli veio agosto. À época, o STF respondeu a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR)

São Paulo – A Procuradoria-Geral da República denunciou ao Supremo Tribunal Federal a deputada Carla Zambelli (PL-SP), por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo. Um dia antes do segundo turno da eleição de 2022, a parlamentar deixou grande parte da sociedade e da mídia brasileiras perplexas ao perseguir, com uma pistola em punho, um homem negro em plena rua dos Jardins, em São Paulo (relembre o vídeo aqui).

A denúncia foi remetida ao ministro Gilmar Mendes na quarta-feira (25). A vice-procuradora geral, Lindôra Araújo, pede o cancelamento do porte de arma de Zambelli e sua condenação ao pagamento de multa no valor de R$ 100 mil por danos morais coletivos. Tembém pede a decretação da pena de “perdimento” da arma utilizada no episódio.

“Conquanto ostente o porte de arma de fogo de uso permitido para defesa pessoal, Carla Zambelli Salgado de Oliveira não detém autorização para o manejo ostensivo do armamento em via pública e em local aberto ao público contra pessoa do povo que não ensejava qualquer mal, ameaça ou perigo concreto à vida ou à integridade física sua ou de terceiro”, diz a PGR.

Segundo o pedido, “a permissão do porte de arma de fogo conferida à denunciada se destina única e exclusivamente à sua defesa pessoal; jamais para constranger a liberdade de interlocutor e a fazer com ele se desculpe dos seus posicionamentos políticos, preferências eleitorais e supostos atos injuriosos manifestados, ainda que a pretexto de resguardar, em tese, sua honra maculada”, continua.

Tiro no pé

Por ironia, a atitude da deputada, que se assemelhou a uma cena de filme policial, foi um tiro no pé. Por ordem do ministro Gilmar Mendes, do STF, ela foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal. O magistrado determinou que ela entregasse a arma usada no episódio – o que ela fez – e depois mandou a PF a outros endereços. Por fim, teve que entregar à polícia quatro revólveres ou pistolas.

“Apesar de ter entregue espontaneamente minha G3C 9mm, eles levaram também agora minha 380 Taurus, uma Ruger 9mm e uma arma de coleção 38 que eu tinha”, lamentou-se Zambelli no início do mês. Ela já vinha sofrendo revezes antes. Em novembro, por ordem de Alexandre de Moraes, do STF, Zambelli teve seus perfis bloqueados no Twitter, Facebook, YouTube, Instagram, Telegram, Tiktok e Linkedin.

Defesa

Em nota encaminhada à imprensa hoje, por meio de sua assessoria, Zambelli disse que sua defesa “será apresentada no prazo legal e que, no decorrer do processo, irá demonstrar quem foi a vítima e o verdadeiro agressor nos eventos ocorridos”. Ela alega que “possuía porte de arma legalmente autorizado pela Polícia Federal e que, durante os acontecimentos, somente sacou a arma pois foi dada voz de prisão à pessoa que injustamente lhe agredia e a ameaçava por diversas vezes”.

Relatos do episódio

Segundo relatos de testemunhas no dia da perseguição de Zambelli em São Paulo, a deputada obrigou o homem a ajoelhar e pedir perdão dentro de um bar. O próprio perseguido contou depois, à CNN, que ela ficou fora de si quando ele reagiu a xingamentos de assessores e disse a ela: “Te amo, espanhola”.

A frase havia sido usada pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), na CPI da Covid, que dedicou a Zambelli a canção “Espanhola”, de Flávio Venturini, para reagir a uma ofensa da parlamentar dirigida a ele. A ironia de Aziz seria uma alusão a fatos de um suposto passado da deputada na Espanha, plantada na mídia pela ex-aliada e depois inimiga Joice Hasselmann, segundo o portal Uol (leia aqui).


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