cartão vermelho

Dino manda PF investigar manipulação de resultados no futebol

CBF pediu ao Planalto para a PF entrar no caso e centralizar as investigações. A entidade afirma, no entanto, que “não há qualquer possibilidade” de parar as competições

Lucas Figueiredo/CBF
Lucas Figueiredo/CBF
Jogadores recebiam dinheiro para manipular em resultados e induzirem eventos, como faltas, pênaltis e cartões

São Paulo – O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse nesta quarta-feira (10) que determinou que a Polícia Federal (PF) investigue os casos de manipulação de resultados em competições esportivas. A ação ocorre depois que o Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciou 16 pessoas, incluindo sete jogadores, no âmbito da Operação Penalidade Máxima II. De acordo com os investigadores, a organização criminosa atuou para fraudar os resultados de oito partidas do Campeonato Brasileiro da Série A, e uma da Série B no ano passado. Além disso, também atuaram em quatro jogos de campeonatos estaduais neste ano.

Em nota, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informou que enviou ofício à Presidência da República e ao Ministério da Justiça, solicitando que a PF entre no caso, de modo a “centralizar todas as informações a respeito dos casos em investigação”. A entidade reiterou, no entanto, que “não há qualquer possibilidade de a competição atual ser suspensa”.

Por outro lado, a CBF defendeu o “afastamento preventivo” dos jogadores denunciados ou envolvidos no esquema e até o “banimento”, em casos comprovados. “Quem comete crimes não deve fazer parte do futebol brasileiro e mundial “, assinalou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

Jogadores denunciados e afastados

Diante das denúncias, o Santos anunciou que afastou preventivamente o zagueiro Eduardo Bauermann. Ele teria aceitado uma proposta de R$ 50 mil para forçar um cartão amarelo no jogo contra o Avaí, no dia 5 de novembro de 2022 e não cumpriu. Para se redimir, teria prometido ser expulso diante do Botafogo, cinco dias depois. O zagueiro levou o vermelho, mas após o final da partida, o que não é contabilizado nas casas de apostas. Após fracassar na execução da fraude combinada, o jogador passou a receber ameaças de morte.

Outro denunciado que também foi afastado é o volante Fernando Neto, do São Bernardo. Um dos integrantes da quadrilha ofereceu R$ 500 mil para que ele tomasse um cartão vermelho em partida contra o Sport, pela Série B, no ano passado. O volante também não conseguiu cumprir o prometido. Cobrado, o jogador tentou se justificar, alegando que “só faltou eu agredir o árbitro” para ser expulso.

Equipes como Cruzeiro, Santos, Fluminense, Athletico e Internacional já anunciaram o afastamento de outros jogadores. Eles não foram denunciados, mas aparecem em conversas com membros da quadrilha ou em planilhas como possíveis alvos do esquema.

Como funcionava o esquema?

De acordo com as investigações, a organização criminosa aliciava os atletas para assegurar resultados de jogos específicos, além de cometerem faltas, pênaltis e receberem cartões, beneficiando apostadores. Assim, os criminosos vendiam os resultados combinados e “eventos induzidos” aos apostadores. As apostas, por sua vez, eram feitas pelo grupo em sites como Bet365.com e Betano.com. “A organização criminosa visava apostar nos resultados e eventos induzidos e, desta forma, obter elevados ganhos”, afirma o MP-GO.

Na denúncia apresentada à Justiça, os procuradores requerem pelo menos R$ 2 milhões em indenização por dano moral coletivo. O valor se refere aos ganhos que os criminosos esperavam obter, caso as fraudes acertadas com o zagueiro santista fossem concluídas.

Além dos procuradores de Goiás e da PF, os esquemas de fraude envolvendo sites de apostas também serão investigados por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados. A previsão é que a CPI comece a funcionar já na próxima semana. Estimativas indicam que o setor de apostas esportivas no Brasil movimenta cerca de R$ 150 bilhões por ano. No entanto, as “bets” atuam no país praticamente na informalidade.